Conheça a nova série da Globo "Afinal o que querem as mulheres?"
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Michel Melamed - Foto: TV Globo/ Divulgação |
* O amor é um pássaro rebelde que nada pode domar.
AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?
A partir da ideia original do diretor Luiz Fernando Carvalho, o seriado ‘Afinal o que querem as mulheres?’ foi escrito por João Paulo Cuenca, com coautoria de Cecília Giannetti e Michel Melamed, e texto final do próprio diretor. Com seis episódios e exibição semanal, o seriado estreia em novembro, na TV Globo.
A trama do seriado conta a aventura de um jovem escritor e psicólogo, André Newmann (Michel Melamed), obcecado por responder a pergunta formulada, e nunca elucidada, por Sigmund Freud, o criador da psicanálise: "Afinal, o que querem as mulheres?". Para concluir a pesquisa para sua tese de doutorado, ele se arrisca em perigosos territórios, como salões de beleza, clubes e sex shops, colhendo depoimentos das mais diversas mulheres. Sua dedicação ao estudo é tanta, que acaba por afastá-lo de sua mulher, a artista plástica Lívia (Paola Oliveira).
Em dezembro, o público também poderá assistir ao documentário sobre o processo de criação do diretor Luiz Fernando Carvalho para ‘Afinal o que querem as mulheres?’, no canal por assinatura GNT.
SINOPSE
André
Obcecado por responder “afinal, o que querem as mulheres?” – pergunta formulada, e nunca elucidada, por Sigmund Freud, o criador da psicanálise –, André Newmann (Michel Melamed) é um jovem escritor às voltas com sua tese de doutorado em Psicologia. Para concluir seu estudo, ele se aventura em perigosos territórios, como salões de beleza, clubes e sex shops, colhendo depoimentos das mais diversas mulheres.
Em sua busca pela compreensão do feminino, André conta com a ajuda de seu orientador-psicanalista, Dr. Klein (Osmar Prado), que nos delírios de seu pupilo é enxergado como o próprio pesquisador austríaco nascido em meados do século XIX.
Sua dedicação é tanta que a tese se mistura a sua vida, e vice-versa. Isso, porém, acaba por afastá-lo de sua mulher, Lívia (Paola Oliveira).
Lívia - o amor
Namorados há cinco anos, desde que se conheceram em uma fila de cinema, Lívia e André dividem um apartamento em Copacabana. Apesar do enorme amor que sente pela artista plástica, durante sua pesquisa, o escritor parece não ser mais capaz de enxergar sua própria mulher. Está soterrado pelos inúmeros desejos femininos e cego aos desejos de Lívia.
Decidida – e bem mais mulher do que André é homem –, ela o abandona e dedica-se a sua primeira exposição individual.
Celeste - a supermãe
Ainda apaixonado e sofrendo a perda, o psicólogo procura aconchego no colo de sua supermãe, Celeste (Vera Fischer), que se multiplica em diversas facetas e personalidades, sempre amando seu filhote incondicionalmente. Ele também encontra refúgio na boemia ao lado dos amigos Zing (Rodrigo Pandolfo), Laura (Alessandra Colassanti), Miguel (Antônio Karnewale) e Ana (Fernanda Félix).
Se André não conseguiu compreender seu grande amor, Lívia, o mesmo não se pode dizer das mulheres. A publicação de seu trabalho se torna um best-seller e a fama vira sua companheira. Aparentemente o escritor conquistou o impossível: decifrou o feminino!
Tatiana - o desejo
E é na fila de autógrafos de seu livro que André conhece Tatiana (Bruna Linzmeyer), uma russinha maluca lindíssima que, apesar da pouca idade, sabe muito bem o que quer! Atrapalhado com tamanha insistência amorosa, o psicólogo não sabe o que fazer com as mãos ou o cérebro - e assim seu corpo cede à tentação da jovem, que o devora em suas brincadeiras. A saudade de Lívia, contudo, permanece.
Rodrigo Santoro - o duplo de André
Ainda desconcertado com tantas mudanças, mais uma reviravolta acontece com André. Sua vida e sua tese sobre os desejos femininos se transformam em um seriado de televisão estrelado por nada mais nada menos do que Rodrigo Santoro (Rodrigo Santoro)! Em um intenso e desastrado laboratório, o ator passa a perseguir André, como seu verdadeiro duplo.
O embate entre o que é representação e o que é realidade, a aparência versus a verdade, inquieta André. Ao se confrontar com sua própria vida, os limites entre “o que foi” e “o que poderia ter sido”, entre o acaso e a intenção, ficam cada vez mais confusos para o escritor. Junto a isso, ele também precisa lidar com o fato de que sua ex-mulher, Lívia, começou a namorar o marchand Jonas (Dan Stulbach), o “homem-perfeito”, um metrossexual que mora em uma cobertura perfeita em frente ao mar de Copacabana.
André oferece, então, Tatiana a Rodrigo Santoro e se entrega a todas as mulheres, esbaldando-se em sua solteirice.
Mulheres - estou solteiro!
Em um hotel luxuoso, onde passa a morar, o escritor experimenta todos os gostos do feminino, em encontros mais ou menos desastrosos e cômicos, tentando preencher o vazio deixado por Lívia. Os excessos desse mergulho hedonista de bebedeiras e noites mal dormidas culminam em um “piripaque” no coração – André acaba sendo retirado de ambulância de um cabaré. No hospital, ele sonha com seu velório, onde reencontra todas as mulheres da sua vida e Freud, em uma espécie de acerto de contas em formato de musical.
Ao acordar dessa imersão em suas lembranças – e, por que não dizer, imersão em suas angústias? –, o psicólogo tem a ideia de escrever outro livro, alterando o objeto de estudo: “afinal, o que querem os homens?”. A nova publicação, todavia, é um fracasso, o que o leva à falência e a voltar à casa de sua mãe.
Em trajetória contrária, Lívia brilha, ao lado de Jonas, em sua nova exposição. A força dos traços marcantes com que pintava retratos de mulheres solitárias deu lugar a imensos florais, como em uma explosão de cores.
Romeu - a ausência do pai
É nesse momento de fragilidade que André conhece Amâncio Flores (Osmar Prado), um radialista almofadinha e sensacionalista, que o convida para apresentar o programa de conselhos amorosos “André Newmann Show!”. Em seu primeiro dia no novo trabalho, ele é surpreendido por uma ligação ao vivo de Romeu (Tarcísio Meira), seu pai, um cowboy on the road que abandonou a família há 20 anos. Após um tumultuado reencontro no meio da rua, transmitido ao vivo, pai e filho acabam presos. Essa adversidade, porém, reaproxima os dois.
Se por um lado a vida amorosa de André continua indo mal – Lívia, o amor que lhe escapou entre os dedos, se casa com Jonas –, por outro, Dr. Klein anuncia sua aposentadoria e oferece a seu discípulo o consultório. Curiosamente, Tatiana é uma de suas primeiras pacientes. Com uma espécie de amnésia provocada por trauma após ter sido abandonada por Rodrigo Santoro – que a deixou para fazer um filme em Los Angeles –, a russinha maluca é curada por um ético Dr. André, mais amadurecido.
Sophia - a reconstrução
Numa noite em que vai ao cinema sozinho, o psicanalista conhece Sophia (Letícia Spiller), uma mulher despojada, sincera e que preserva a alegria de uma criança. Nessa mesma noite, os dois se entregam à paixão, mas não sem medos. Ao ver um anúncio do Instituto Beijamenta, que mede a compatibilidade entre casais, ela insiste em fazer o teste. Apesar de o resultado dar negativo, os dois decidem ficar juntos e formam uma família com o nascimento de Maria (Maria Alice Martins / Gabriela Carius). Alguns anos depois, o casamento acaba. André, contudo, reaprende a amar o feminino através dos olhos e da alegria singela de sua filha. O afeto que ele sente pela pequena dá a ele um novo contorno ao amor: a liberdade.
CENOGRAFIA E PRODUÇÃO DE ARTE
Cerca de 90% das cenas de “Afinal, o que querem as mulheres?” foram gravadas em locações, a maioria em Copacabana, como os apartamentos de André (Michel Melamed) e sua mãe Celeste (Vera Fischer), o bar, o salão de beleza e o cinema de rua. Isso não significa, entretanto, que as equipes do cenógrafo João Irênio e da produtora de arte Lara Tausz tenham tido menos trabalho. Cada ambiente foi rigorosamente recriado para servir à ficção.
Os dois destacam que as gravações externas foram muito importantes para trazer a vida que pulsa no cotidiano, porém não houve uma preocupação em mostrar a realidade “nua e crua”, como em um documentário. “Essa é uma história de amor, cheia de camadas e de fragmentos. Os cenários, apesar de reais, não tinham o compromisso de respeitar a lógica, por exemplo, de um apartamento fechado onde incide uma luz específica. Nesse trabalho, cenário e luz são praticamente uma coisa só”, afirma João Irênio, referindo-se à iluminação de cores vibrantes.
Não temer a criação de uma hiper-realidade, que se traduz por um olhar crítico e poético sobre o real, orientou a criação desses profissionais. Em função do ritmo acelerado da narrativa, em que André percorre os meandros do universo feminino tentando desvendá-lo, o cenógrafo buscou que os ambientes fossem bem marcados e facilmente identificados. “Trabalhamos uns dez graus acima do que é a realidade; o cabaré é um exemplo disso. Porém o cenário mais arrojado é o do velório, que ao mesmo tempo é o mais simples: um tecido esticado e luz, que nos dá sensação de um organismo vivo, uma forma uterina”, diz Irênio sobre a cena em que André sonha que está em seu próprio velório e reencontra todas as mulheres que passaram por sua vida.
As cores e as repetições da pop art de Andy Warhol, o erotismo das fotos de David LaChapelle e o kitsch foram alguns dos ingredientes que serviram de referência para a arte. “Para a casa da mãe, o Luiz Fernando Carvalho falava: ‘solta a mão no kitsch!’. Lembrei-me do filme do John Waters e comprei uns flamingos para colocar no cenário. Já o salão de beleza remetia ao universo das pin ups, dos anos 50”, conta Lara Tausz. A preocupação com a textura dos objetos também interferiu na criação: o quarto de hotel em que André desfruta sua solteirice teve o chão e vários elementos forrados com pelúcia para dar a sensação de suavidade de um toque feminino.
O cenário de Lívia (Paola Oliveira) contou com a memória afetiva da produtora de arte, cuja mãe também é artista plástica. “Peguei uma porção de coisas dela: desenhos, tintas antigas, carvão guardado em uma caixinha de maquiagem”, conta Lara. Os quadros da primeira fase da personagem, em que ela pinta rostos com uma expressão angustiada e solitária, são da artista plástica Sandra Burgos. Já os florais extremamente coloridos, do período em que está com Jonas (Dan Stulbach), são de Dirce Fett.
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E EDIÇÃO
Cada plano do seriado contou com um desenho de luz específico, hiper-realista, criado pela equipe de Adrian Teijido. “Apesar de ser uma história realista, a iluminação foi muito sensorial e atemporal”, explica o diretor de fotografia, que usou diversas gelatinas de cores vivas – como pink, verde, azul, vermelho e amarelo – dialogando com a pop art dos anos 60 e com o próprio caldeirão estético de Copacabana.
As gravações foram feitas com o revezamento de duas câmeras digitais de alta definição, que combinam tecnologia de última geração com a ótica de cinema. A Arri D21, que já havia sido usada pelo diretor Luiz Fernando Carvalho em ‘Capitu’, foi a câmera mais utilizada. Já Arri Alexa, em sua estreia no Brasil, foi escolhida para as cenas noturnas, por conta de sua excelente definição em condições de pouca luz.
O seriado está sendo editado por Márcio Hashimoto, que também foi colaborador de Luiz Fernando Carvalho em ‘A Pedra do Reino’ e ‘Capitu’, e sua assistente, Helena Chaves. A edição de ‘Afinal, o que querem as mulheres?’ reúne elementos de várias linguagens visuais, criando uma narrativa moderna e musical.
A música original do seriado é de Tim Rescala e a música adicional é de Marcelo Camelo.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
O visual das três mulheres principais da vida de André (Michel Melamed) – Lívia (Paola Oliveira), Tatiana (Bruna Linzmeyer) e Sophia (Letícia Spiller) – foi cuidadosamente criado pela equipe da figurinista Beth Filipecki e do supervisor de caracterização Rubens Liborio.
O conceito de uma artista que busca a sua verdade e se recria foi o que guiou a construção do figurino de Lívia. “Não é um guarda-roupa ‘parado’, ela pega uma camiseta do namorado e inventa um visual, ela abre caminhos. Suas roupas podem ser manchadas de tinta de verdade, assim como suas mãos, e seus enfeites são muito delicados. Na intimidade, usa seda, renda e transparência, tudo com uma luz muito clara, pura como seu afeto”, conta Beth. Na fase em que está com Jonas (Dan Stulbach), ela ganha ainda mais sofisticação. “Seu vestido de noiva foi criado a partir de um corselet vintage da Vivienne Westwood e um tecido drapeado, costurado no corpo da atriz”, complementa. Quanto aos cabelos, a caracterização escureceu os fios da atriz Paola Oliveira com um tom castanho.
Sem perder a delicadeza de uma lolita, os fetiches foram a tônica do look de Tatiana, a russinha maluca. “É como se ela colorisse o corpo com fitinhas, laços e flores, mas com modernidade e sensualidade. Ela traz elementos das pin ups e mistura couro colorido a bordados, meia-calça e sandálias de salto-alto pink ou verde cítrico”, enumera a figurinista. Os cabelos da atriz Bruna Linzmeyer foram pintados de ruivo e cortados na altura da nuca de forma assimétrica e com efeito desfiado.
Sophia, por sua vez, ganhou um ar despojado e alegre, inspirado na liberdade, como se tivesse viajado o mundo e trouxesse um pouco de cada lugar. “Nela, quatro, cinco, seis elementos vão se sobrepondo em um colorido iluminado. Ela nunca será vista com uma roupa característica da burguesia. Mistura malha, seda e diversos outros materiais, que contam de forma lúdica a historia dos lugares pelos quais passou. Se veste com a liberdade e a alegria de uma menina”, define Beth. Nos cabelos de Letícia Spiller, o supervisor de caracterização Rubens Liborio criou uma composição com dreads locks, tranças e mechas coloridas.
No figurino do seriado, também chamam atenção as roupas de dinheiro criadas para o desfile do estilista Zing (Rodrigo Pandolfo). Com inspiração na Corte francesa do século XVIII e em algumas formas futuristas, a equipe criou vestidos a partir de armações de metal, moedas, cédulas e tule. Ao todo, foram fabricadas cerca de seis mil notas – sendo duas mil e quinhentas dobradas em origamis e as demais enroladas ou plissadas – e duas mil moedas.
ANIMAÇÃO EM STOP MOTION
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, será um dos principais companheiros de André Newmann (Michel Melamed). Para não tratar o tema da psicanálise de forma sisuda ou excessivamente acadêmica, o diretor Luiz Fernando Carvalho introduziu Freud na trama como um boneco animado em stop motion, fortalecendo assim o estado de delírio em que se encontra André, o único capaz de enxergá-lo. A animação foi feita por César Coelho e Luciano do Amaral, da Campo 4, que precisam de um dia inteiro de trabalho para realizar uma sequência de sete segundo.
Para propiciar o máximo de fluidez aos movimentos, a animação foi feita by one, ou seja, 24 quadros fotografados para cada segundo de cena (normalmente são apenas 12 quadros por segundo). O cuidado se estendeu à confecção do boneco Freud, que mede 40 centímetros. Seu esqueleto é todo articulado e suas expressões mudam em função das peças que são trocadas: 10 testas, 21 bocas e 10 pares de mãos. Cabelo, barba, sobrancelha e bigode são de fios naturais.
DIREÇÃO
LUIZ FERNANDO CARVALHO
Clichês [?]
Há uma infinidade de repetições em todos nós, homens e mulheres, que nos curvamos muitas vezes em prol de um bem comum, um mundo melhor, princípios e moral elevada, enfim, tudo isso que me parece um material rico para dramaturgia. Por outro lado, a repetição destes comportamentos é cada vez mais tragicômica e ridícula. Se tivesse que resumir este seriado em uma frase, diria: a tragédia de um homem ridículo! ‘Afinal, o que querem as mulheres?’ conta a travessia patética de um homem em relação aos seus objetos de desejo, ao amor, aos afetos e a uma espécie de visão do feminino que parece o devorar sempre.
Patético [?]
Não sei ser engraçado, muito menos pretendo. Não peço isso ao atores, também não escrevemos o texto pensando em fazer graça, o resultado seria uma catástrofe. Já a melancolia me orienta, talvez tenha nos orientado no texto também e certamente já me salvou muitas vezes. Acho graça nos filmes de Chaplin, que ao mesmo tempo me levam às lágrimas, daí você tira o quanto estou dando os primeiros passos. É que ainda encontro certa dificuldade para crer que os acontecimentos e a narrativa de ‘Afinal’ devam se concentrar em um único gênero. Fico me perguntando se um bom texto, moderno ou clássico, já não traz em si várias camadas.
Comédia [?]
Não chamaria de comédia, mas este deslocamento está vinculado à minha curiosidade por novos temas e linguagens, uma certa versatilidade narrativa. Sinto que cada conteúdo requer uma linguagem. E como não sou capaz de escrever um sitcom, aí vai minha pequena tentativa. Procuramos nos aproximar da linguagem das redes sociais, das mídias modernas, do diálogo curto, do diálogo fazendo o papel dos comentários da rede, com mais acidez, mais risco, uma linguagem mais direta, sem tantas reiterações da dramaturgia televisiva. E apesar da aparente leveza, há um conjunto de linguagens por trás desse trabalho que me interessa e que, na verdade, torna o todo algo bem indefinido em termos de gênero.
Cia de ópera [?]
Primeiro veio a ideia de trabalharmos pequenas narrativas, mas para isso precisava de um elenco grande. Junte-se a isso uma necessidade de continuar a trabalhar os atores como coautores do processo criativo, elaborando as cenas com boa dose de improvisação. No caso específico de ‘Afinal, o que querem as mulheres?’, parti de um pressuposto: esse grupo de mulheres, que se revezam em várias cenas e em diferentes personagens, representam o desdobramento do feminino principal, Lívia, o amor primordial de André. Lancei o mesmo conceito para os personagens masculinos, que então representam o desdobramento do masculino, ou seja, do próprio André.
Riso final [?]
Talvez minha incapacidade confessa de traduzir o feminino [que é mesmo tão múltiplo] tenha me emprestado a coragem de criar este ‘Afinal’, que não se trata de retirar uma resposta pronta da cartola, nem de definir um gênero: isto é uma comédia! isto é um melodrama! Mas de rir do patético que há em nós – este, sim, me parece um gênero novo! – e de seguir gargalhando dos meus eternos clichês cheios de formulas e certezas, e tudo isso em companhia dos meus novos amigos de texto – Cuenca, Ciça e Michel –, tão cheios de sonhos esfarrapados quanto eu.
Então, o riso final seria este: fruto da constatação do grande vazio que se tornou qualquer modelo oficial – amoroso ou não. Esta constatação deu a André a possibilidade de não se cristalizar, reinventando seus dias com força capaz de seguir amando a Vida e o Amor. André vencerá a si mesmo e, pegando na mão de Simone de Beauvoir, poderia até nos dizer: “Querer-se livre é também querer livres os outros”.
AUTORES
A partir da ideia original de Luiz Fernando Carvalho, o seriado ‘Afinal, o que querem as mulheres?’ foi escrito por João Paulo Cuenca, com coautoria de Cecília Giannetti e Michel Melamed, e texto final do próprio diretor.
JOÃO PAULO CUENCA
Como surgiu o convite para escrever ‘Afinal, o que querem as mulheres?’?
Eu e Luiz Fernando ensaiamos uma parceria há pelo menos seis anos. Entre outros projetos, já tínhamos conversado muito sobre esse argumento original dele, ‘Afinal, o que querem as mulheres?’, mas só em janeiro deste ano houve o convite oficial para desenvolver o texto em seis episódios.
Como foi a experiência de escrever pela primeira vez para um seriado de televisão?
Foi uma experiência bastante diferente para mim. Até então, tudo o que eu havia escrito, entre romances, crônicas e contos, partiu de um processo absolutamente solitário de criação. Escrever para o Luiz Fernando, tendo como parceiros de escrita Cecília Giannetti e Michel Melamed, foi um processo lúdico, insano, afetivo, acidentado, difícil e enriquecedor. Desse flerte diário com a vertigem saiu o texto de ‘Afinal...’, uma tentativa nada modesta de mapear o desejo humano em 2010. Sim, porque o que pretende nosso protagonista, André Newmann, é criar uma espécie de cosmogonia afetiva – através de uma fórmula mágica, desenhar a constelação que revele o que há por trás do desejo das mulheres.
Houve algum tipo de pesquisa específica?
Houve, é claro, muita pesquisa, não só espacial (fizemos constantes viagens à Lua e outros satélites), mas também no texto do próprio Freud e em escutas que fizemos nos banheiros femininos de lugares bem frequentados, como a Pizzaria Guanabara após as três da madrugada. E não posso me esquecer dos encontros informais que tivemos com a psicanalista e escritora Maria Rita Kehl. De certa forma, o trajeto do personagem acabou sendo fruto dessas conversas e da pergunta que o tempo todo eu tentava formular: como a vida poderia psicanalisar esse sujeito? Que acontecimentos poderiam fundar André Newmann como um homem adulto, tirando-o da posição de pós-adolescente iludido – cercado de outros iludidos e iludidas, especialmente?
Os temas de “Afinal”, como o feminino e a psicanálise, já estavam presente na sua obra de alguma forma?
Depois que fechei o último capítulo, entendi melhor porque o Luiz Fernando me convidou. Todos os meus romances e grande parte das minhas crônicas falam sobre o desejo – e a interdição desse desejo. Que tento derrubar, já que o tempo todo meus narradores escutam e veem por trás de fechaduras, despindo paredes. Mas não apenas por isso, e também porque eu fui, estive, e ainda sou muito esse André Newmann que ele procurava e que hoje vive e nos ultrapassa.
CECÍLIA GIANNETTI
Como surgiu o convite para escrever ‘Afinal, o que querem as mulheres?’?
Luiz Fernando Carvalho soube do meu trabalho, creio, pelo romance “Lugares que não conheço, pessoas que nunca vi” (finalista do Prêmio São Paulo de Literatura).
Como foi a experiência de escrever pela primeira vez para um seriado de televisão?
Escrever em conjunto, na mesma sala, virando dias e noites com mais dois autores, é totalmente diferente de passar meses com a cara metida no micro, num quarto, escrevendo sozinha. Por esse lado, foi novo e foi ótimo.
Tenho carinho pelo texto e admiro a maneira como Luiz o trabalhou. Acompanhei as gravações, conheci o elenco, quis ver como toda aquela gente que criamos iria surgir em carne e osso e figurinos, me encantei com todas as etapas desse processo. Fiz questão de ver como uma equipe sensacional transformava o material escrito em coisa viva.
A linguagem do seriado se aproxima das redes sociais, com diálogos curtos e, às vezes, construídos com fragmentos de respostas de várias mulheres. Foi um desafio?
Há momentos, sim, de linguagem mais rápida, quase “rede-social”, como você diz, e servem bem à história que é contada. Há outros com mais lirismo, em que o ritmo é outro.
Houve algum tipo de pesquisa específica sobre o tema do feminino e a psicanálise? Nas suas obras anteriores, você já se relacionava com esses temas de alguma forma?
Sempre é preciso haver pesquisa. Eu já havia trabalhado com personagens femininas e suas questões, mas eram questões que pertenciam a outras histórias. A cultura está encharcada de psicanálise, portanto o tema também não é estranho à minha escrita em trabalhos anteriores.
MICHEL MELAMED
Como surgiu o convite para escrever e atuar em ‘Afinal, o que querem as mulheres?’?
Desde que ‘Capitu’ terminou, eu e Luiz Fernando continuamos uma amizade e sempre falando de um novo trabalho. Um dia ele me contou a idéia desse projeto, começamos a conversar... Cá estamos. Aprendo muito com ele. Especialmente sobre rigor e afeto, quer dizer, somos apaixonados pela... Paixão.
Como foi a experiência de escrever pela primeira vez para um seriado de televisão?
Os processos criativos são parecidos. Seja um espetáculo, um seriado ou uma canção, a idéia sempre é a do risco, do desconhecido, da entrega, enfim. Então, para além das questões formais, da linguagem - neste caso, a teledramaturgia -, o desejo é sempre o de expandir a criatividade... Fizemos cafuné em cada letra.
A linguagem do seriado se aproxima das redes sociais, com diálogos curtos e, às vezes, construídos com fragmentos de respostas de várias mulheres...
Sim, esse foi um dos nortes, uma questão que o Luiz Fernando sempre apontou. E me identifico muito com isso. Entendo que este seja mesmo o espírito da época, a pós-modernidade. Quer dizer, todos esses atravessamentos diários, as zil conexões se sobrepondo, dialogando, as “fronteiras desguarnecidas”, a ideia dos diálogos instituídos na polifonia... Então, você conversa com alguém, recebe uma mensagem, manda um email, ouve uma canção, pesca uma frase da mesa ao lado, o sinal abre, um perfume, saudade... Sinto mais humano esse discurso, mais caótico e por isso mais próximo do que sentimos e pensamos.
Como foi o processo de criação coletiva entre vocês quatro?
Nos reuníamos os três, com algumas diretivas do Luiz Fernando, debatíamos o arco dramático, fazíamos uma escaleta e dividíamos pelos três para o desenvolvimento das cenas. Nos encontrávamos de novo, desta vez com o “monstro” do roteiro, e então ficávamos lendo, remexendo, discutindo por dias e noites, principalmente... Com o roteiro em mãos, o Luiz e o João se encontravam para os ajustes do texto final. A maior parte do tempo, foi muito divertido, cativante, generoso... E graças às Deusas, tínhamos a Cecília.
Houve algum tipo de pesquisa específica sobre o tema do feminino e a psicanálise?
Pequisamos filmes e livros os mais diversos, as questões dos homens, relações afetivas, contemporaneidade, os chistes, o humor como linguagem... Kaufman, Barthes, Fellini, Erica Jong, Camille Paglia, inúmeras referências, enfim. Tivemos também alguns encontros com a Maria Rita Kehl, que é sempre muito mais que instigante. Em resumo, é um trabalho de muitas intertextualidades.
No teatro, você costuma escrever o texto das peças em que atua. Neste trabalho, como foi essa relação de autoria e atuação?
Esse foi um aspecto curioso. Grande parte dos trabalhos de que participo, escrevo e atuo (seja como ator ou apresentador), o fato de estar nessas duas etapas sempre foi intimamente ligado. Aqui a experiência foi completamente diferente. Durante o período em que escrevíamos, mesmo sabendo que faria o André, isso não estava em perspectiva, não escrevia pensando em mim, nos riscos como intérprete, nos meus pontos de conforto ou insegurança. Quando os roteiros estavam prontos e começamos os ensaios, reli pela primeira vez tudo, como ator, e a sensação que tive foi a de que estava lendo aquilo tudo pela primeira vez. Levei um susto. Um dia sabia partes inteiras de cor, no outro gaguejava para ler. Neste projeto, minha relação com tudo foi mais da ordem das sensações, dos sentimentos. Estou curioso para saber quem sou agora.
PERFIL DOS PERSONAGENS
Primeiro episódio
André Newmann (Michel Melamed) é escritor e está terminando sua tese de doutorado em Psicologia, que pretende responder a pergunta freudiana “Afinal, o que querem as mulheres?”. Com senso de humor muito próprio, o psicólogo mistura a pesquisa a sua própria vida. Sua dedicação ao estudo é tanta, que ele acaba se afastando e sendo abandonado por seu grande amor, Lívia (Paola Oliveira). A publicação de seu livro, entretanto, é um sucesso. A fama e a ideia de que ele compreende as mulheres lançam André a inúmeras e mais variadas pretendentes, porém nada disso é capaz de fazê-lo esquecer Lívia.
Lívia Monteiro (Paola Oliveira) é artista plástica. Namorada de André (Michel Melamed) há cinco anos, vive com o escritor em um apartamento em Copacabana. Inteligente e equilibrada, tem um temperamento discretamente romântico, mas não costuma discutir a relação. Apesar de ser doce, é uma mulher decidida. É o grande amor de André.
Tatiana Dovichenko (Bruna Linzmeyer) é uma ninfeta lindíssima que desnorteia os sentidos de André (Michel Melamed), a quem se declara à primeira vista. Apesar de ainda sofrer pela separação de Lívia (Paola Oliveira), o escritor não resiste aos encantos dessa russinha maluca que lida com seus desejos com a mesma liberdade e alegria de uma criança. Tatiana devora literatura russa e obras de dramaturgos como Grotowski com a mesma voracidade com que passa dias no quarto com André ou bebe uma lata de leite condensado. Seus olhos têm o frescor daquilo que é visto pela primeira vez. Entretanto, sofrerá ao ser abandonada por André e, depois, por Rodrigo Santoro (Rodrigo Santoro).
Celeste (Vera Fischer), a mãe de André (Michel Melamed), é uma personagem arquetípica que se desdobra em diversas facetas: a mãe judia e zelosa; a mãe socialite despojada; a mãe sarada que malha com maiô e calça de lycra acompanhada de dois personal trainers parrudos; a mãe vidente que cultua principalmente seu filho; a mãe solteirona e bem-resolvida; e a mãe que não era atriz, mas se revelou uma diva do teatro. Primeiro amor da vida do escritor, é para casa dela que André volta, quando nada dá certo em sua vida. Em cada uma de suas aparições, há um traço comum: seu afeto incondicional pelo filho.
Dr. Klein (Osmar Prado), psicanalista e orientador da tese de André (Michel Melamed), acredita no potencial de seu aluno, porém algumas vezes se arrepende de tê-lo aceito, pois “não pode haver no mundo pior cientista do que um homem apaixonado”. Em momentos de delírio, o jovem escritor o enxerga como o próprio pai da psicanálise, Freud.
Secretária do Dr. Klein (Tatiana Monteiro) é uma bela jovem ninfomaníaca. Já tentou fazer tratamento para curar seu apetite sexual insaciável, mas, em casa de ferreiro, espeto é de pau...
Sigmund Freud (animação) nasceu no século XIX, no antigo Império Austríaco. Judeu e médico neurologista, é considerado o fundador da psicanálise. O personagem é o principal conselheiro de André (Michel Melamed) e se faz presente aos olhos confusos do jovem em inusitadas situações, como no bar de uma boate ou num jogo de pôquer com seus companheiros Reich (animação), Lacan (animação) e Jung (animação).
Jonas (Dan Stulbach), marchand de Lívia (Paola Oliveira), é o clichê do “homem-perfeito”. Sabe cozinhar, fala russo, canta e toca violão, gosta de conversar e tem uma vasta cultura sobre tudo! Entende de vinho e flamba crepes enquanto ouve um cd de uma tribo africana extinta e discorre sobre artes plásticas. É com ele que Lívia se envolve após terminar a relação com André (Michel Melamed), para absoluto desespero do escritor.
Laura (Alessandra Colassanti) está no início de sua carreira como escritora. Apoia André (Michel Melamed) em todas as circunstâncias, mas no fundo sofre com o entra-e-sai de mulheres na vida do psicólogo, pois é apaixonada por ele.
Zing (Rodrigo Pandolfo) também é amigo de André (Michel Melamed). Ousado, o estilista faz sucesso com seus desfiles excêntricos, como a coleção de roupas feitas de moedas e notas – com inspiração na Corte francesa do século XVIII misturada a elementos orientais (origamis) e formas futuristas – em que critica o consumo e evidencia o valor relativo das coisas.
Miguel (Antônio Karnewale) trabalha em uma editora e é mais um dos parceiros inseparáveis de André (Michel Melamed).
Ana (Fernanda Félix) é jornalista e namorada de Miguel (Antônio Karnewale).
Noemi (Eliane Giardini) é uma professora feminista. Seu discurso rígido e sua atmosfera militarista não aplacam, contudo, sua sexualidade e exuberância.
Garçonetes loira (Ana Kariny Gurgel), negra (Shirley Cruz) e ruiva (Luciana Pacheco) são atendentes de um café, com ares de pin ups, em que André (Michel Melamed) vai fazer pesquisa para sua tese.
Vendedora sex shop (Bruna Spinola) é uma moça linda e sensível que não se conforma com a atitude masculina de rotular as mulheres em papéis predeterminados.
Miss (Elaine Albano) se ressente de que os homens nunca a enxergarão além de sua evidente beleza, apesar das inúmeras propostas de casamento que recebe todos os dias.
Segundo episódio
Segundo episódio
Rodrigo Santoro (Rodrigo Santoro) é o ator que interpreta André Newmann (Michel Melamed) no seriado de televisão inspirado na vida e na tese do psicólogo. O personagem representa a imagem estereotipada criada pelas mídias especializadas em cobrir a rotina de celebridades, escancarando os aspectos mais cruéis e patéticos da sociedade do espetáculo.
Atriz (Lavínia Vlasak) interpreta Lívia (Paola Oliveira) no seriado de televisão. Acostumada às cores do melodrama de uma novela mexicana, a jovem tem lapsos em que deixa aflorar alguma sensibilidade e fragilidade, mas que logo são ofuscadas pelos flashes que sempre a acompanham.
Diretor (Alexandre Schumacher) do seriado de televisão sobre André Newmann (Michel Melamed) é um tipo um tanto afetado que se emociona com a atuação exagerada dos intérpretes e se aproveita dos paparicos dos que estão à sua volta.
Don Carlo (Carlos Manga) é um conde italiano decadente que namora Celeste (Vera Fischer), na aparição em que a mãe de André (Michel Melamed) é uma socialite.
Terceiro episódio
Monique (Maria Fernanda Cândido) é uma intelectual que foge do casamento e considera a leitura do feminino feita por Freud ultrapassada, já que as mulheres histéricas, que não sabiam dar nome a sua sexualidade e aos seus sofrimentos, supostamente não existem mais. Por trás de seu corte de cabelo curto e dos óculos modernos, ela se revela uma onça na cama, mas não dá chance a um relacionamento mais profundo, pois é muito ocupada e não tem tempo a perder buscando essa tal felicidade.
Flanneur (Letícia Sabatella) é uma moça que percorre as ruas de Copacabana e atrás de quem André (Michel Melamed), em sua dor, vai, imaginando que possa ser Lívia (Paola Oliveira). Porém a mulher some de sua vista, restando apenas a solidão, vitrines vazias, a ausência de Lívia.
Simone (Letícia Isnard) trabalha como recepcionista no luxuoso hotel onde André (Michel Melamed) vive por um tempo. Sua eficiência é tanta que consegue satisfazer seus desejos, sem jamais abandonar o headset telefônico com que atende os hóspedes.
Gisele (Elizabeth Perfoll), modelo, tem um discurso liberal, contrário a uma relação monogâmica que dure por toda vida, porém morre de medo de ser tratada como “todas as outras”.
Tia Beatriz (Selma Lopes) é freira e tia de André (Michel Melamed), que sempre se espantou com o potencial do sobrinho.
Sacerdotisa (Giselle Ingrid) é uma entidade evocada para o ritual de extrema-unção de André (Michel Melamed), na cena em que o escritor sonha com seu velório.
Quarto episódio
Romeu (Tarcísio Meira), pai de André (Michel Melamed), é um cowboy que abandonou a família há mais de 20 anos e volta para procurar o filho tentando uma reaproximação. Como um galã saído de um filme de faroeste, ele é uma espécie de Johnny Cash empoeirado, em versão nelsonrodrigueana.
Amâncio Flores (Osmar Prado) é um radialista burocrata da Miragem FM, que explora os dramas de cada um de forma sensacionalista. Quando André (Michel Melamed) está derrotado em função do fracasso de seu segundo livro “Afinal, o que querem os homens?”, Amâncio o convida para apresentar o “André Newmann Show!”. Uma emoção verdadeira, no entanto, o toma de assalto no reencontro do jovem psicanalista com seu pai, Romeu (Tarcísio Meira), levando-o a cantar “Caro mio ben”, ópera de Giuseppe Giordani.
Travesti (Daniel Gaggini) é morador do prédio de Celeste (Vera Fischer), em Copacabana, e costuma ver o lado positivo das situações, sem perder o humor.
Quinto episódio
Sophia (Letícia Spiller) é uma mulher que tem a alma colorida de uma menina, com quem André vai se envolver quando estiver mais maduro. Despojada e amante da liberdade, Sophia já viajou pelo mundo e não tem vergonha de assumir quem ela é e que seu filme preferido é “E.T.”. É ela quem presenteia o jovem psicanalista com uma nova faceta do amor e um novo olhar para o feminino: Maria (Maria Alice Martins / Gabriela Carius), a filha dos dois.
Dona Renatinha (Tamara Taxman) vai namorar Romeu (Tarcísio Meira) depois de conhecê-lo no jantar que sua vizinha Celeste (Vera Fischer) oferece ao ex-marido.
Sexto episódio
Helga (Susanna Kruger) é a funcionária que faz testes com Sophia (Letícia Spiller) e André (Michel Melamed) no Instituto Beijamenta de Compatibilidade entre Casais, empresa que mede o coeficiente de afinidade dos parceiros para o sucesso do matrimônio.
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