terça-feira, 29 de março de 2011

Conheça a nova novela da Globo "Cordel Encantado"


A famosa literatura popular de cordel é a grande fonte de inspiração da próxima novela das seis que se chamará 'Cordel Encantado'. Esses folhetos rústicos de rimas melodiosas e xilogravuras graciosas são recheados de histórias de amor e aventura e já fizeram muita gente se emocionar, se apaixonar, sonhar. É nesse mesmo clima, na cadência da viola e no recitar de belos versos, que a novela estreia no dia 11 de abril.


A trama tem como ponto de partida dois imaginários: as lendas heróicas do sertão nordestino e o encantamento da realeza europeia, ambos temas presentes nos poemas populares de cordel que tiveram origem na Europa da Idade Média. A união desses dois universos se traduz no romance do casal central formado por Açucena (Bianca Bin), uma cabocla brejeira criada por lavradores no nordeste do Brasil, sem saber que é a princesa de um reino europeu; e Jesuíno (Cauã Reymond), um jovem sertanejo que desconhece ser filho legítimo do cangaceiro mais famoso da região.


'Cordel Encantando' tem autoria de Thelma Guedes e Duca Rachid, direção de núcleo de Ricardo Waddington, direção-geral de Amora Mautner e direção de Gustavo Fernandez, Natália Grimberg e Thiago Teitelroit. 


Era uma vez... duas previsões, uma profecia


No sertão do nordeste, o pregador Miguézim (Matheus Nachtergaele), santo para uns, mendigo e louco para outros, tem um sonho. Nele, uma bola de fogo aparece no céu em uma noite escura e cai na mata do sertão. O fogo se espalha e a devasta. De manhã, no meio das cinzas, a chuva faz brotar uma pequena e delicada flor vermelha: a açucena.


Miguézim acredita ser o sonho é uma profecia que aponta para um rei que surgirá no sertão, transformando tristeza em alegria e fome em fartura.


O mesmo sonho tem o monarca Augusto (Carmo Dalla Vecchia), do outro lado do Atlântico, na velha Europa, mais precisamente no reino de Seráfia do Norte. Ao acordar, angustiado, ele procura o conselheiro Amadeus (Zé Celso Martinez) para ajudá-lo a decifrar seu significado. O velho sábio lhe diz que o sonho representa uma longa viagem que Augusto fará ao hemisfério sul. Ele conta que nessa viagem haverá um conflito que o fará deixar por lá um bem preciosíssimo, mas que, graças a isso, esse lugar tão longínquo finalmente poderá conhecer a felicidade e a justiça. 


Em nome da paz


Seráfia do Norte e Seráfia do Sul vivem em guerra há centenas de anos. A cisão entre os reinos ocorreu após uma revolução popular e, desde então, as duas nações vivem em um conflito que parece não ter fim. 


Depois de mais uma terrível batalha, o rei de Seráfia do Sul, Teobaldo (Thiago Lacerda), é levado, entre a vida e a morte, para seu palácio, enquanto o rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia), de Seráfia do Norte, volta correndo para conhecer sua primeira filha que acaba de vir à luz: a princesa Aurora Catarina Ávila de Seráfia (Bianca Bin).


Os sinos dobram em Seráfia do Norte comemorando o nascimento,  e Helena (Mariana Lima), a rainha de Seráfia do Sul, chega ao castelo de Seráfia do Norte. Ela está grávida e vem trazendo pela mão um filho de pouco mais de dois anos, o príncipe Felipe (Jayme Matarazzo). Revoltada com o estado de seu marido Teobaldo (Thiago Lacerda), gravemente ferido em combate, Helena maldiz a disputa pelo poder que há tantos séculos impede a paz dos povos de Seráfia. Em prantos, implora que Augusto dê um fim no tormento. Ele se comove diante da dor de Helena e propõe a Teobaldo (Thiago Lacerda), no leito de morte, que, após completarem a maioridade, seus primogênitos Aurora (Bianca Bin) e Felipe (Jayme Matarazzo) se casem, unificando e trazendo paz aos dois reinos. Teobaldo aceita o acordo e morre logo depois. As duas crianças são apresentadas publicamente como os futuros reis de Seráfia. 






E o destino começa a se cumprir...


E eis que Zenóbio Alfredo (Guilherme Fontes), botânico de Seráfia do Norte, que estava no Brasil envolvido com pesquisas científicas, chega trazendo notícias do tesouro escondido em terras tropicais pelo fundador do reino, Dom Serafim. 


O botânico sugere ao rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) que financie uma expedição para encontrar o tesouro. Augusto, amante das ciências e das aventuras, não só concorda como faz questão de liderar a empreitada. O rei não contava, porém, que sua esposa, Cristina (Alinne Moraes), resolvesse acompanhá-lo, levando a pequena Aurora (Bianca Bin).




A duquesa do mal e seu comparsa Nicolau


Só quem realmente conhece Úrsula (Debora Bloch), cunhada do rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia), é Nicolau (Luiz Fernando Guimarães), o mordomo da corte de Seráfia. Ninguém além dele sabe que a bela, elegante e sofisticada duquesa é a pessoa mais perigosa e falsa de todo o reino. E o principal: só ele sabe do maior desejo da vilã. Os dois são amantes, adoram o poder e, juntos, vão fazer de tudo para que Úrsula (Debora Bloch) se torne rainha. E a viagem a Brogodó é a chance que a duquesa sempre quis para se livrar da rainha Cristina (Alinne Moraes) e da princesinha. 


Úrsula sempre foi desejada por todos os homens de Seráfia e chegou a ter um breve romance com Augusto, mas, trocada pela plebéia Cristina (Alinne Moraes), acabou casando-se com Petrus (Felipe Camargo), irmão do rei, com quem teve Lady Carlota (Luana Martau). Inconformada, nunca desistiu de conquistar o trono de rainha e sempre pensou em uma maneira de se livrar do marido. A oportunidade chega com uma batalha entre os reinos de Seráfia do Sul e Seráfia do Norte, quando Úrsula prende Petrus em uma torre e coloca nele uma máscara de ferro para que, caso seja descoberto, ninguém o reconheça. Seu plano é executado com sucesso e ela mente a todos, anunciando a morte do marido na guerra. 


Agora "viúva", Úrsula só precisa dar fim na rainha Cristina e na princesa Aurora (Bianca Bin). Seus planos poderiam dar certo não fossem as confusões de Nicolau. Apesar delas, a sede de poder e riqueza da dupla de vilões não se abala: no Brasil, para onde se muda com a corte européia, o casal vai enfrentar as grandes figuras de Brogodó, sem medir esforços para conseguir o que quer. 




O cangaço como herança


Em Brogodó, na calada da noite, capitão Herculano (Domingos Montagner), o mais temido dos cangaceiros, leva em sua garupa Benvinda (Claudia Ohana), sua mulher, e seu filho de dois anos, Jesuíno (Cauã Reymond).  Ele planeja deixá-los em segurança num local que seus inimigos jamais suspeitarão. Herculano pede ao coronel Januário (Reginaldo Faria), dono da maior fazenda da região, que receba o filho e a mulher em sua casa como se fossem parentes distantes. E, em troca, oferece proteção contra os adversários do coronel. 


O compromisso é selado e o cangaceiro despede-se da família, mas, antes de ir embora, promete que, quando Jesuíno (Cauã Reymond) for homem feito, virá buscá-lo. Revoltada, Benvinda (Claudia Ohana) jura que nunca permitirá que o filho ingresse no cangaço para uma vida de violência, dor e sofrimento. Mas, mesmo à revelia de Benvinda, Herculano sabe que o destino do pequeno Jesuíno está traçado: ele é filho do rei do cangaço, herdeiro do pai; essa é sua sina e nada poderá mudá-la.




Os tesouros de Seráfia são deixados no Brasil


Enquanto Rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) lidera a expedição da corte a Brogodó, Nicolau (Luiz Fernando Guimarães) descobre que Herculano (Domingos Montagner), o mais temível cangaceiro da região, pretende roubar a comitiva. Ele conta para Úrsula (Debora Bloch) que considera a ocasião perfeita para colocar em prática seu plano de se livrar da rainha Cristina (Alinne Moraes) e da pequenina Aurora (Bianca Bin). 


O tesouro finalmente é localizado e Herculano (Domingos Montagner) ataca a comitiva como previsto. Nicolau se aproveita da confusão e rouba a carroça com o tesouro, a rainha e a princesa, acusando os cangaceiros pelo desaparecimento de tudo e todas. Na escapada, porém, a roda da carroça quebra e Cristina (Alinne Moraes) vê a oportunidade de fugir. A rainha Cristina consegue chegar à casa dos lavradores Euzébio (Enrique Diaz) e Virtuosa (Ana Cecília Costa), implora para que eles fiquem com sua filha a fim de evitar que a criança seja vítima de Úrsula (Debora Bloch), se despede e foge sozinha.


Nicolau vai atrás de Cristina e consegue capturá-la, mas demora a perceber que o bebê não está mais com ela. Os dois lutam numa carroça em movimento e esta cai num precipício. Nicolau se salva, mas Cristina não. O veículo voa pelos ares, levando consigo a rainha de Seráfia e o tesouro. 


Quando a luta do rei Augusto e de seus homens contra os cangaceiros acaba, os bandoleiros fogem. Herculano (Domingos Montagner) volta sozinho para seu esconderijo e, no caminho, se depara com os destroços da carroça no fundo de um precipício. Ele encontra Cristina, que, à beira da morte, faz seu último pedido: que Herculano conte ao rei Augusto de Seráfia a verdade sobre sua filha. 


Após a batalha, o rei Augusto procura a esposa e a filha, mas não as encontra. Já Zenóbio (Guilherme Fontes) percebe o sumiço do tesouro. Conforme combinado com Úrsula (Debora Bloch), Nicolau (Luiz Fernando Guimarães) mente para o rei, dizendo que viu cangaceiros fugindo com a rainha, a princesa e o tesouro em uma carroça. E para a duquesa Nicolau jura que conseguiu se livrar da rainha e da princesa.


O rei continua vasculhando a região à procura da esposa e da filha, em vão. Convencido de que as duas estão mortas, Augusto viaja de volta devastado ao reino - exatamente como seu sonho profetizara -, deixando no Brasil seu bem mais precioso: sua filha, a princesinha Aurora (Bianca Bin).




A flor e o cacto


O rei não imagina, mas, do outro lado do Atlântico, sua filha está sã e salva, sendo criada com muito amor. Aurora (Bianca Bin) foi batizada pelos novos pais Euzébio (Enrique Diaz) e Virtuosa (Ana Cecília Costa) com o nome de Açucena, a mais bela flor do sertão. Os lavradores trabalham  na fazenda do coronel Januário (Reginaldo Faria) e contam com o apoio de Angélica (Beth Berardo), a bondosa esposa do fazendeiro. Como Angélica sempre sonhou em ter uma menina, a jovem madrinha de Açucena se realiza cuidando de sua afilhada. Angélica, que já tem um filho, Timóteo (Bruno Gagliasso), consegue engravidar novamente, mas não resiste ao parto e morre sem conhecer sua tão esperada filha Antônia (Luiza Valdetaro). 


A linda Açucena cresce feliz, educa-se na escola da cidadezinha e é cheia de amigos. Um deles é Jesuíno (Cauã Reymond), filho da criada da casa, Benvinda (Claudia Ohana). Coincidentemente, ambos desconhecem suas verdadeiras origens: Jesuíno não sabe que é filho do rei cangaceiro e Açucena que é filha de um monarca da realeza européia. Os dois têm muita afinidade e são companheiros inseparáveis. Jesuíno também é seu grande protetor contra as maldades de Timóteo (Bruno Gagliasso), o problemático filho do coronel. Os anos se passam e a forte amizade vai ganhando outro nome: amor.




Timóteo Cabral: o "playboyzinho" do sertão


Com o tempo, Açucena (Bianca Bin) se transforma em uma linda moça e Jesuíno (Cauã Reymond), por sua vez, num rapaz bonito, forte, generoso e brincalhão - o braço direito do coronel Januário (Reginaldo Faria), seu padrinho. 


Mas as coisas se complicam para o casal, quando o coronel Januário morre e Timóteo (Bruno Gagliasso), seu filho, recém-chegado do Rio de Janeiro, assume o lugar do pai na fazenda. Herdeiro do prestígio do pai, o "playboyzinho" se embriaga com o poder e começa a maltratar os pobres sertanejos de Brogodó. Jesuíno, que administra a fazenda, tenta ajudar como pode os empregados, diante da piora das condições de trabalho impostas por Timóteo. 


Mesmo com todos os problemas, Jesuíno está muito feliz por ter conseguido juntar dinheiro para realizar seu maior sonho: se casar com a amada Açucena (Bianca Bin). O que ele mal sabe é que seu casamento corre perigo. O malvado Timóteo (Bruno Gagliasso), que sempre cobiçou Açucena, não se conforma em perdê-la para Jesuíno e fará de tudo para que esse enlace não aconteça.




Rufem os tambores: a princesa está viva!


Quando o rei voltou para Seráfia, Zenóbio Alfredo (Guilherme Fontes) resolveu ficar de vez no Brasil. O botânico se apaixonou pela flora e fauna da região e também pela graciosa sertaneja Florinda (Emanuelle Araújo). Com ela, teve três filhos e passou a criar a irmã mais nova da esposa, Teínha (Patrícia Werneck), que se tornou a melhor amiga de Açucena (Bianca Bin).


Florinda (Emanuelle Araújo) é uma mulher de fibra que sustenta a família por meio de sua venda, que, à noite, se transforma num concorrido forró. É lá que Setembrino (Glicério Rosário) e Quiquiqui (Marcello Novaes) se apresentam, mostrando que são músicos de mão cheia. Quando está na cidade, o Barbeiro Farid (Mouhamed Harfouch) se junta a eles, trazendo sua sanfona e completando a animação.


Zenóbio, o único cidadão europeu da região, é a pessoa que Herculano (Domingos Montagner) procura para contar a verdade que vai unir novamente Brogodó e o reino de Seráfia. Passaram-se vinte anos e o cangaceiro foi cumprir a promessa que fizera à rainha Cristina: contar ao rei  que sua filha está viva. Herculano sabe que Zenóbio mantém um canal direto de comunicação com o reino e conta o que ouviu de Cristina. Imediatamente, o botânico decide ir a Seráfia para dar pessoalmente a notícia de que a princesa está viva.




As gravações na França e em Sergipe


Assim como os personagens da trama, a equipe de 'Cordel Encantado' cruzou o oceano para retratar as cenas da família real em Seráfia e foi ao nordeste brasileiro registrar as imagens do sertão que abriga Brogodó.  "A novela reúne três universos: realeza, Brogodó e cangaço. Tivemos que viajar para lugares que representassem esses mundos", explica a diretora-geral Amora Mautner. 


No dia 29 de janeiro, o elenco e as equipes de produção e direção embarcaram rumo à França para iniciar as gravações de 'Cordel Encantado'. O destino final foi o Castelo de Chambord, no Vale do Loire, que serviu de locação para as primeiras cenas da novela.


Durante uma semana, Thiago Lacerda, Alinne Moraes, Zé Celso Martinez - em participações especiais -, Luiz Fernando Guimarães, Débora Bloch, Jayme Matarazzo, Carmo Dalla Vecchia, Maurício Destri, Luana Martau, Felipe Camargo, Mariana Lima, Emilio de Melo e Guilherme Fontes gravaram no fictício reino de Seráfia. Ricardo Waddington e Amora Mautner dirigiram cenas extensas, com mais de 200 figurantes e numa temperatura de zero grau, só amenizada pelo clima divertido e leve das gravações.


O castelo de Chambord já foi cenário de diversas produções cinematográficas. Sua fachada pomposa e de proporções grandiosas imprimiu perfeitamente o tom lúdico e encantado da corte de Seráfia. Uma de suas pérgulas foi utilizada na cena em que o rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) discursa para o povo de seu reino. Os jardins do castelo foram palco de um piquenique da família real, com cestas, toalhas e prataria alugados em um antiquário local. E o interior do castelo abrigou camarins e salas de caracterização. 


No dia 15 de março, a equipe embarcou para Canindé de São Francisco, em Sergipe. Os atores, Alinne Moraes, Carmo Dalla Vecchia, Debora Bloch, Luiz Fernando Guimarães, Guilherme Fontes, Emílio de Mello, Domingos Montagner e Claudia Ohana gravaram por quatro dias nas paisagens áridas do nordeste brasileiro. 




A preparação dos atores


Aprofundar e aproximar dois universos tão distantes quanto a sertaneja Brogodó e a europeia Seráfia exigiram exercícios específicos da equipe de 'Cordel Encantado'. "A realeza de Seráfia chega ao sertão brasileiro e há, num primeiro momento, uma estranheza por ambas as partes. Um universo não conhece o outro. A gente trabalhou essa percepção. Fizemos exercícios para compreender esse sentimento em relação ao novo", conta a preparadora de elenco Paloma Riani, que define seu trabalho como "uma ferramenta de abertura e experimentação para a construção do personagem". 


Com Bruno Gagliasso, que interpreta o perverso Timóteo Cabral, foi preciso controlar a ansiedade e trazer à tona o lado obscuro do ator. "Esse que todo mundo tem", brinca a preparadora. Na composição do personagem, Bruno utiliza uma bengala que foi muito usada por Paloma para trabalhar o ar de superioridade de Timóteo. Durante a preparação, Bruno acabou sugerindo que Timóteo toque os outros personagens com a bengala. "Isso é muito bom e só acontece quando respeitamos o ato de criação do ator e o olhar do diretor", comenta Paloma. 


Assim como Bruno, Bianca Bin e Cauã Reymond tiveram aulas de montaria em um rancho em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro. A atriz nunca havia montado a cavalo e treinou para não pular tanto na sela. Cauã, sempre que pode, volta ao rancho para criar intimidade com o cavalo que apelidou de 'Relâmpago'. Presente das autoras Thelma Guedes e Duca Rachid, o livro 'Cangaceiros, Coiteiros e Volantes', de José Anderson Nascimento, não sai da cabeceira do ator. "Está me ajudando bastante a entender o universo sertanejo e nordestino", conta Cauã.


O trio de forró da novela também suou a camisa para dar o tom musical da cidade fictícia de Brogodó. Glicério Rosário (Setembrino), Mouhamed Harfouch (Farid) e Marcello Novaes (Quiquiqui) tocam, respectivamente, triângulo, acordeón e zabumba em 'Cordel Encantado'. As aulas com o músico Netinho Ferreira começaram em janeiro e já fazem parte da rotina dos atores. 


Intérprete do gago Quiquiqui, Marcelo contou com a ajuda de uma fonoaudióloga e de amigos que possuem o problema para compor o personagem. "Além da fala, trabalhei também a questão física e o humor do gago", explica Marcelo. 




Cenografia


Como a história é uma narrativa mítica, os profissionais de 'Cordel Encantado' não tiveram que se prender fielmente a uma época específica. Todos utilizaram uma pesquisa sobre o período da transição entre os séculos XIX e XX que serviu apenas como referência.


'Cordel Encantado' será a primeira novela de João Irênio. Com experiência em programas e minisséries, o cenógrafo está encarando com animação o desafio de reunir na fictícia Brogodó, que tem 14 mil metros quadrados de área construída, todas as cidades do país. 


Depois de uma leitura minuciosa da sinopse, a equipe de cenografia comemorou a possibilidade de poder conjugar elementos de diversas épocas e lugares. "Encomendamos material de Pernambuco, de Recife, de Belo Horizonte, Tiradentes e João Pessoa. Brogodó é a cara do sertão, do interior, é um mini Brasil, com todas as suas relações e enrolações", explica Irênio. O cenógrafo acredita que o tom cômico da novela pede cenários metafóricos, que permitam ao telespectador entender a atualidade da obra.


A equipe de quatro cenógrafos e dez assistentes utilizou o palácio da prefeitura local para brincar com a insistência dos moradores de Brogodó em imitar os hábitos e costumes da realeza. Cores abertas e fortes e objetos grandes caracterizam o mau gosto típico de tal deslumbramento. Para Irênio, o cenário só podia ser engraçado e descombinado, como os personagens que transitam por ali.


Na casa da fazenda de Januário Cabral (Reginaldo Faria), que ocupa uma área de seis mil metros quadrados, a cenografia utilizou uma espécie de gradil nas janelas para demonstrar o poder que o coronel tem de aprisionar as pessoas a sua volta. No quarto de sua filha Antonia (Luiza Valdetaro), uma grande gaiola aberta e coberta por flores representa o sentimento da menina, que se sente presa à fazenda e às ordens do pai. Nas paredes, uma tela que dá profundidade e amplitude simboliza os olhos de Antonia (Luiza Valdetaro) pela janela. "Tudo ali é muito escuro, muito rude, justamente para mostrar o autoritarismo e o controle do coronel sobre os demais", comenta o cenógrafo. A cidade cenográfica da fazenda, composta pela casa principal e pela vila dos trabalhadores da fazenda, é caracterizada pela grama seca, árvores sem folhas e arbustos retorcidos. 


Além da de Brogodó e da fazenda do coronel, uma terceira cidade cenográfica foi montada. Na de Vila da Cruz, comunidade fundada pelo profeta Miguezim (Matheus Nachtergaele), a equipe de cenografia utilizou pau a pique, sapê e restos de madeira para construir os casebres de Bartira (Andreia Horta) e de Miguezim (Matheus Nachtergaele) e a igreja de Vila da Cruz. "A construção dessa cidade cenográfica especificamente foi um trabalho complicado, mas que valeu muito a pena. É praticamente uma escultura feita à mão, porque tivemos que adaptar muita coisa que já existia no local", conta Irênio. 




Produção de Arte


Quando recebeu a sinopse de 'Cordel Encantado', a produtora de arte Ana Maria de Magalhães ficou bastante assustada: teria não só que produzir dois universos opostos e muito específicos, como também conjugá-los em diversos momentos da trama. Aos poucos, foi percebendo o grande tesouro que tinha nas mãos! 


Depois de uma vasta pesquisa sobre monarquias, cangaço e sertão, a equipe, que conta com seis produtores assistentes, passou a ver a novela como um grande teatro de cordel. "Simbolizamos a realeza com a cortina clássica de um teatro, essa vermelha, bonita, volumosa. E o sertão ganhou a cortina de chita, colorida, alegre e cheia de vida", conta Ana Maria. 


A equipe de Ana Maria recorreu ao Consulado da Bélgica para tirar dúvidas sobre o protocolo de uma família real. Detalhes sobre como se sentam à mesa, quem é servido primeiro e como se posicionam em uma reunião foram importantes. "O Brasil não teve uma monarquia com tanto requinte e nós precisávamos dar pompa à realeza de Seráfia", explica a produtora. 


Durante as gravações no Vale do Loire, na França, malas, armas, prataria, louças, baús e tapetes foram alugados de antiquários locais. A equipe gravou inclusive com a mesma carruagem utilizada no filme "Maria Antonieta", de Sofia Coppola. Para as cenas da batalha entre Seráfia do Norte e Seráfia do Sul, a produção alugou as selas dos cavalos dos reis, que, por serem muito específicas e de difícil reprodução, foram emprestadas e trazidas para o Brasil. Mas muito material foi também levado daqui: ao todo, oito caixas cheias de bandeiras e lanças partiram para as gravações na França.


A única referência do passado que Açucena (Bianca Bin) carrega é um cordão de ouro com a medalha de Santa Eudóxia. Para Ana Maria, este é um elemento-chave da família real. O adereço foi reproduzido por sua equipe com cuidado, para que o telespectador perceba que essa é uma peça importante na condução da trama. 


Para os divertidos cenários sertanejos foram escolhidos elementos coloridos, rústicos e tipicamente brasileiros. Muitos deles, por serem de época, já não existem e precisaram ser fabricados pela produção de arte. "Quase tudo o que usa Farid foi feito por nós", comenta Ana Maria, se referindo ao personagem de Mouhamed Harfouch. A produtora conta que a malinha do barbeiro itinerante e suas tesouras, boticões e navalhas foram desenhados e criados por seus assistentes. Para o acampamento de Herculano (Domingos Montagner), foram providenciados espelhos, pedaços de couro, tecidos e até uma máquina de costura para fazer jus à vaidade dos cangaceiros. 


Na cozinha de Maria Cesária (Lucy Ramos), os doces e quitutes obedecem à tradição nordestina e são, para Ana Maria de Magalhães, o retrato do núcleo brogodense. Os famosos bem-casados, muito comuns na região, as tortas em forma de coração e os doces portugueses tomam forma pelas mãos da cozinheira e enfeitam não só o estômago de quem os prova como o cenário de 'Cordel Encantado'. 




Figurino


Depois de pesquisarem mais de nove gigabytes de material e de assistirem a mais de 40 filmes, as figurinistas Marie Salles e Karla Monteiro começaram a desenvolver o figurino de 'Cordel Encantado'. O ponto inicial do trabalho foi a sinopse que definia quem eram os personagem. A partir do texto de Duca Rachid e Thelma Guedes, elas saíram atrás de referências. "O grande fio condutor do nosso trabalho é a história, o texto tão rico das autoras dá asas à imaginação. É lá, na imaginação, onde Seráfia se localiza, e isso nos dá liberdade criativa. É um presente poder fazer um trabalho assim ", celebra Marie.


Além do próprio imaginário das autoras, elas lançaram mão do da equipe, que conta com oito pessoas e com uma participação muito especial. "O filho da Marie, de nove anos, por exemplo, desenhou para a gente como ele imaginava um rei. Daí veio nossa grande referência para o Augusto (Carmo Dalla Vecchia)", conta Karla, que complementa: "Isso não quer dizer que os personagens não sejam reais, eles são e muito. Eles foram muito bem construídos e têm personalidades muito bem definidas".


Por se tratar de uma novela de época, a maior parte das roupas e acessórios foi produzida na Central Globo de Produção. As poucas peças compradas sofreram grandes intervenções e receberam aplicações. Os destaques são a extensa variedade de chapéus, as joias do reino de Seráfia e o trabalho artesanal, feito por um ateliê com oito bordadeiras que trabalham exclusivamente nas rendas e tecidos naturais. Um chapeleiro carioca faz parte da equipe e assina todos os chapéus, tanto os de Brogodó como os de Seráfia. Já as bijuterias usadas pelos personagens da realeza foram feitas por uma artesã. 


O trabalho de conceituação das figurinistas se dividiu fundamentalmente em quatro núcleos: Seráfia do Norte, Seráfia do Sul, Brogodó e cangaceiros. Cada um desses grupos tem características comuns, como a mesma paleta de cor.   
                                                               
O estilo de Seráfia do Norte: o núcleo de Seráfia do Norte usa cores solares, como dourado, tons claros, bege e marrom - à exceção dos vilões, que usam verde, bordô e preto.


Para a rainha Cristina (Alinne Moraes), fadas serviram de referência. Nas suas roupas são usados tecidos fluidos, tingidos por uma técnica vietnamita milenar chamada shibori. Já Augusto (Carmo Dalla Vecchia) foi baseado no rei russo Romanov, e a rainha-mãe Efigênia (Berta Loran) em 'uma mistura de rainha Vitória com a rainha Dona Maria I, a louca'.


O figurino da vilã Úrsula (Debora Bloch) teve como ponto de partida a figura da madrasta da Branca de Neve e os desfiles de outono-inverno das marcas Lanvin, Gucci e Pucci. Os elementos-chave do figurino da personagem são a silhueta com anquinhas, as penas de pássaros, chapéus, pedras  grandes e ombreiras. 


O estilo de Seráfia do Sul: já os personagens de Seráfia do Sul, um reino de rebeldes, são marcados pelas cores prata, azul marinho e preto, em referência à lua. A inspiração para os figurinos da rainha Helena (Mariana Lima), do rei Teobaldo (Thiago Lacerda), de Inácio (Maurício Destri) e Felipe (Jayme Matarazzo) veio dos filmes  'Guerra nas Estrelas', de Geroge Lucas, e 'O Senhor dos Anéis', de Peter Jackson. 


O estilo dos brogodenses: a Brogodó desenvolvida por Marie Salles e Karla Monteiro é totalmente feita à mão. É um olhar contemporâneo do artesanato, com tons claros e materiais naturais, como a juta e o algodão, além de aplicações de madeira, sementes, palha e coco. A bela protagonista Açucena (Bianca Bin) tem em seu guarda-roupa peças com crochê, renda filé e patchwork. Suas cores são quentes, cores "do coração", como vinho, cereja e goiaba. 


Jesuíno (Cauã Reymond) é um administrador de fazenda e, por isso, usa jeans, comuns no figurino dos trabalhadores desde 1850, e coletes de couro, com bordados de linha. Suas cores são caramelo e azul. O vilão Timóteo (Bruno Gagliasso) é um dândi que vem do Rio de Janeiro e suas cores são o preto e o branco. Com o passar do tempo, assumindo as funções do pai Januário Cabral (Reginaldo Faria), ele começa a usar ternos de linho em cores claras. Dora (Nathalia Dill), uma moça que também vem do Rio de Janeiro e é minimalista, usa couro, cores escuras, saias compridas e camisas brancas. "Quem vive em Brogodó raramente usa preto. Usamos o preto para destacar aqueles que vêm de fora", contextualiza Karla.


O estilo dos cangaceiros: as peças usadas nesse núcleo são uma recriação do cangaço, com menções a outros guerreiros, como samurais, por exemplo. Para desenvolvê-las, Marie pesquisou no Ceará e usou desenhos de selas, couro de bode e muito metal. Ela contou com a ajuda de um especialista em marchetaria para aplicar tachas e placas de prata, elementos importantes nas roupas de Herculano (Domingos Montagner) e Zóio-furado (Tuca Andrada). Para o figurino do sensível Belarmino (João Miguel), foi usada a técnica de pirografia no couro, fazendo os desenhos florais que são sua marca.




Caracterização


Alê de Souza, que, com Gilvete Santos, é responsável pela caracterização dos personagens de 'Cordel Encantado', usou o mundo da fantasia como 'bússola' para criar os cabelos e maquiagens do elenco da novela. "Me inspirei em filmes como 'As Crônicas de Nárnia' (de Andrew Adamson) e 'O Senhor dos Anéis (de Peter Jackson)'", exemplifica. 


Visual das Mulheres: No núcleo da realeza se destaca a caracterização da vilã Úrsula (Debora Bloch). No cabelo da atriz, pintado no tom chocolate acobreado, são usadas extensões dos fios para dar comprimento e volume, necessários ao penteado elaborado da personagem. Já sua maquiagem é constituída de uma base bem clara (por conta das origens europeias de Úrsula), boca pêssego, generosas camadas de máscara para cílios e um duo de sombras lilás e pérola. 


Na Brogodó do sertão nordestino, a maioria dos personagens tem uma cor saudável e uma sensualidade brejeira. "Como vivem em um lugar em que o sol é uma constante, eles são mais bronzeados", pontua Alê. É o caso da protagonista Açucena, interpretada por Bianca Bin. Seus cabelos, inspirados na modelo canadense Daria Werbowy, foram alongados e ganharam mechas mais claras nas pontas para que parecessem queimados pelo sol. Na maquiagem, são usados muitos produtos bronzeadores já que a atriz tem a pele bem clara e precisava ganhar um tom mais moreno.


A rival de Açucena, Dora, vivida por Nathalia Dill, foi inspirada na personagem Anna Valerious do filme 'Van Helsing- o caçador de monstros", de Stephen Sommers. "Ela é uma moça sofisticada, que estudou fora e tem dois lados: um mais feminino e outro mais masculino", define o caracterizador. Para isso, os cabelos da atriz foram pintados de preto e alongados. Sua pele branca ganha apenas um blush pêssego que a deixa levemente corada. A mãe de Dora, Ternurinha (Zezé Polessa), uma mulher caricata e extravagante, tem uma maquiagem pesada e colorida. Oposto de Ternurinha, Benvinda (Claudia Ohana), mãe de Jesuíno (Cauã Reymond), é uma mulher simples e forte. Para vivê-la, a atriz Claudia Ohana teve os cabelos alongados e tonalizados de castanho escuro. A maquiagem é bronzeada e marca as sobrancelhas, para conferir força ao olhar da personagem. 


Visual dos Homens: Os cangaceiros liderados por Herculano (Domingos Montagner) têm um visual rústico. Os homens de Brogodó seguem a  linha natural. Exemplo disso é o personagem Jesuíno. Cauã Reymond, seu intérprete, deixou os cabelos crescerem e a barba cerrada para vivê-lo. Carmo Dalla Vecchia também está com os cabelos compridos e barba para interpretar rei Augusto. 




Entrevista com as autoras Thelma Guedes e Duca Rachid


Thelma Guedes e Duca Rachid iniciaram sua parceria em 2006, quando adaptaram a novela 'O Profeta', um texto original de Ivani Ribeiro. Depois desse trabalho, as duas escreveram 'Cama de Gato', a primeira sinopse inédita da dupla. 


Elas contam que 'Cordel Encantado' é um projeto antigo, que nasceu quando elas terminaram de escrever o remake. "A ideia nasceu da nossa  alma de contadoras de história, do nosso amor pela ficção, pelo sonho, pela fantasia, pela literatura, enfim, pela arte, que é o que nos faz transcender a nossa condição de seres finitos e tão ínfimos", explica Thelma. 


A ideia ficou guardada, esperando a oportunidade de uma novela de época no horário. O momento  chegou e as autoras convidam o público para trocar seu cotidiano por uma história encantada. "Cordel reúne esses dois universos atemporais: a corte e o cangaço. São universos quem têm símbolos e rituais muito próprios. E que estão presentes na literatura de cordel há muito tempo. Uma história de amor, temperada com muito humor e aventura", resume Duca.


Abaixo, uma entrevista muito especial em que as autoras e amigas fazem perguntas uma à outra.






Thelma entrevista Duca 


Thelma Guedes: A sua filha Marina é uma pré-adolescente super antenada, que adora moda, internet, cinema, seriados de TV... além de ser uma noveleira de carteirinha (aliás, como a mãe dela). Você costuma ouvir a opinião da Marina sobre a novela que está escrevendo, ou mesmo sobre alguma ideia que tem parauma sinopse? Por quê? 


Duca Rachid: Ah, mas claro! Eu sempre ouço a opinião da Marina, sobre tudo! Ela tem muito bom gosto pra roupa, música, programas de TV, filmes, seriados e... novelas, é claro! É fã de 'Ti-Ti-Ti', por exemplo. E, de tanto acompanhar as novelas (as nossas e as outras) e as minhas conversas aqui em casa, principalmente com você, que é madrinha dela,  já está entendendo um bocado de dramaturgia. Ela faz críticas e dá opiniões muito pertinentes. Como não ouvir? Também já deu ideias para sinopses sim. Meu Deus, será que um dia ela vai escrever novelas também?! Tenho medo, porque embora muito gratificante, é um trabalho muito puxado! 




Thelma Guedes: Você acha que a geração dela continua a curtir novela como a nossa curtia? Por quê?


Duca Rachid:Eu observo que a geração da minha filha, que tem 11 anos, vê bastante novela ainda.  As minhas sobrinhas, Daniela e Lívia, de 25 e 20 anos, também. Basta a história interessar que elas estão lá, acompanhando. 


Thelma Guedes: Como você descreveria esse elenco que conseguimos reunir?


Duca Rachid: É um elenco de sonho, não é? Acho que conseguimos um elenco assim tão estelar porque a gente sempre quer o melhor. E, desta vez,  com ajuda do Ricardo Waddington e da Amora Mautner, que também não deixam por menos, acho que conseguimos chegar lá.  Temos feras que já se dedicam há muito tempo à televisão, como Berta Loran, Débora Bloch, Luiz Fernando Guimarães, Felipe Camargo, Heloísa Perissé, Zezé Polessa, Osmar Prado, Marcos Caruso, Tuca Andrada... Além do Cauã  Raymond, o Carmo Dalla Vechia, o Bruno Gagliasso, a Natália Dill,  a Lucy Ramos; atores que, embora jovens, já têm uma extensa folha corrida.  E outros do cinema e do teatro, que a gente admira muito e que conseguimos trazer para a TV, como o João Miguel, a Mariana Lima, o Matheus Nachtergaele e o Domingos Montagner, que tem um trabalho lindo no circo Zanni e na Cia. La Mínima. Além disso, estamos apostando na Bianca Bin como protagonista, atriz na qual botamos a maior fé. Sem falar nas participações especialíssimas da Alinne Moraes, do Thiago Lacerda, do Reginaldo Faria e até do grande diretor de teatro, José Celso Martinez Correa. É luxo só!


Thelma Guedes: Por qual personagem nutre um carinho especial?


Duca Rachid: Ai, não sei dizer! Essa pergunta é quase como querer saber de uma mãe de que filho ela gosta mais. Gosto de todos eles:  do Rei Augusto, que sofre e mantém sua humanidade, apesar de estar restrito por todo aquele cerimonial típico da corte; gosto de Herculano, cangaceiro, homem  rude; adoro o prefeito Patácio e sua mulher Ternurinha, o casal que representa aquela política que ainda persiste no Brasil; o delegado Batoré, homem da lei, que deveria ser duro e rígido, mas é, no fundo, um fraco, patético e apaixonado; Timóteo, que tem aquele falso verniz do dândi, mas, no fundo, é um coronel como o pai; de Dora, uma moça culta, inteligente, independente, à frente de sua época, e, ao mesmo tempo, apaixonada; de Jesuíno, nosso herói, nosso Robin Hood, que não consegue fugir de sua sina. De Açucena, que vai ter que escolher entre o amor e as suas verdadeiras origens; do Miguézim, que representa o lado místico do sertão. Dos personagens Úrsula e Nicolau, dois escroques, vaidosos, que não medem esforços para ter poder e dinheiro. Sem falar do nosso "Homem da Máscara de Ferro", o Duque Petrus. Enfim... gosto de todos eles.


Thelma Guedes: Me conta, qual a sua expectativa em relação à novela?


Duca Rachid: A melhor possível! Acho que essa novela tem todos os elementos para agradar o público: é um convite ao sonho, uma história de amor impossível, tratada com emoção, humor e aventura.


Duca entrevista Thelma


Duca Rachid: Seus pais e seu marido têm origens nordestinas. Como isso te influenciou e ajudou na pesquisa desse tema? 


Thelma Guedes: Como você sabe, meus pais são nordestinos, mas, como eles foram pro Rio de Janeiro há mais de cinquenta anos, de certa forma, o Nordeste pra mim era uma referência ao mesmo tempo próxima e distante. Meu marido influenciou bastante na retomada do nordeste na minha vida, já que ele tem um apego muito grande às suas raízes nordestinas. Por causa dele, viajamos constantemente pra lá e até construímos uma casinha no interior da Bahia, na cidade em que ele nasceu, Formosa do Rio Preto. Na verdade, o contato recente, já há alguns anos, com o universo nordestino atual e, em particular, o sertanejo, mostrou para mim como esse nordeste "mítico", com o qual eu tive contato na minha infância e por meio da literatura, continua a existir, mesmo nos dias de hoje. Lá é um lugar praticamente atemporal no aspecto cultural, apesar dos avanços tecnológicos...


Duca Rachid: Você também tem duas enteadas jovens, Helena e Mariana, além de um marido escritor, Eromar Bomfim (um ótimo escritor, por sinal). Eles costumam dar pitacos nas suas novelas?


Thelma Guedes: Quando eu conheci o meu marido, ele quase não assistia à televisão. Tinha um aparelho de TV bem pequeno, encostado num canto, só usado para ver noticiários. Quando eu entrei na oficina de teledramaturgia da Globo, ele ficou meio surpreso. E mais surpreso ainda quando viu que era isso que eu ia fazer na vida, dali por diante. E aí foi muito bacana, porque ele passou a assistir tudo, ler tudo que eu escrevia, me dando um apoio total.


Helena e Mariana foram criadas sem assistir muito à televisão. Mas logo fiquei sabendo que elas adoravam novela. Elas tinham visto muitas. Quando pequenas, iam para a casa da avó pra assistir. As meninas então se tornaram fãs incondicionais. Helena, por exemplo, foi quem leu o primeiro roteiro que escrevi na vida, o que mandei para me inscrever na oficina. Eu estava insegura, achando que não devia mandar. Ela leu e disse que a história a tinha emocionado muito e que eu tinha que mandar sim. Disse que não tinha a menor dúvida de que eu ia conseguir entrar na oficina com aquele roteiro. Sempre penso que talvez, sem o estímulo dela, eu poderia ter desistido de me inscrever. E tudo teria sido diferente na minha vida.


Então, claro que com essa verdadeira torcida organizada, nem que eu não queira, eles dão palpites em tudo, até na escalação. Eu adoro, porque isso só demonstra o interesse que eles têm pelo meu trabalho. Eu me sinto abençoada por ter uma família que me apóia tanto. Sem falar na minha mãe, minha irmã, sobrinhas, tios, amigos... Tenho um fã-clube familiar enoooorme!


Duca Rachid: Outra pergunta que não quer calar: Como é pra você, que é uma escritora, uma pessoa bastante "autoral", dividir a autoria de uma novela comigo? Vai, me conta: quantas vezes por dia você pensa; "Ai, meu Deus! Não aguento mais a chata da Duca! Preferia fazer isso sozinha!" (risos)? 


Thelma Guedes: É, amiga, sou autoral mesmo. Eu é que devo ser bem chata, né? Mas só dá tão certo trabalharmos juntas, porque você tem muita paciência comigo. E, ao contrário do que você está dizendo, eu penso muito em como o resultado do nosso trabalho em dupla é maravilhoso! Você é uma grande companheira de escrita.  Nunca pensei que conseguiria dividir o ato de criação com ninguém. Quando eu era colaboradora, eu tentava ao máximo dar voz ao autor. Mas agora eu divido com você uma voz única, que é minha mas também é sua. E essa verdadeira aventura só é possível porque temos de fato visões de mundo muito próximas. E as nossas diferenças (acho que até os defeitos) são complementares. Acho que em algum momento pode ser bacana pras duas escreverem sozinhas. Mas o trabalho que fazemos juntas é especial. Você é uma autora incrível, ágil, esperta, incansável, antenada, lê e assiste a tudo. É um luxo ser sua parceira!


Duca Rachid: Se pudesse escolher moraria no fictício reino de Seráfia ou na fictícia cidade de Brogodó?


Thelma Guedes: Ah, com certeza eu moraria em Brogodó e nas férias visitaria Seráfia. Brogodó é bem mais "caliente" e animada, mas Seráfia é chique demais...




Duca Rachid: Conta o que o público pode esperar de 'Cordel Encantado'.


Thelma Guedes: Você sabe o quanto sou otimista o tempo todo. É até irritante, né? (risos). No caso dessa novela, estou ainda mais animada. Porque, sem falsa modéstia, eu gosto muito da história. Estou apaixonada pelos personagens e suas tramas. Torço por todos. Até os nossos vilões são divertidos! Acho que o público pode esperar o melhor sim. Pelo menos, é o que nos esforçaremos para dar a ele! 






Entrevista com o diretor de núcleo Ricardo Waddington


Em 'Cordel Encantado', Ricardo Waddington repete a bem sucedida parceria com as autoras Thelma Guedes e Duca Rachid. Com um currículo extenso de quem já dirigiu mais de 20 novelas, ele fala com propriedade sobre seu novo trabalho em teledramaturgia - além da novela das seis, Ricardo tem em seu núcleo 'Malhação' e os programas 'Amor & Sexo' e 'Por Toda a Minha Vida'. 




Inspiração


Essa novela tem o realismo como base, mas cria universos ficcionais. Usei como inspiração um gênero que a gente já não visita há algum tempo, do qual a telenovela já se apropriou durante anos, nas décadas de 70 e 80. São novelas Dias Gomes e Aguinaldo Silva, como 'Saramandaia' e 'Roque Santeiro'. É muito difícil, mas é muito interessante porque temos que desenvolver todo esse imaginário, esses personagens, quem eles são, o que eles fazem. Essa foi a referência que eu utilizei para a direção e não as que as autoras usaram para escrever a história. A literatura de cordel foi a grande inspiração das autoras. Brogodó, apesar de fictícia, é realmente uma cidade possível no nordeste brasileiro.   




Linguagem


Tudo está sendo pensado para que o público seja convidado a sonhar. A TV Globo é uma fábrica de sonhos e isso está sendo levado ao pé da letra nessa novela. Ela é diferente de outras novelas que convidam o público para ver a realidade, que trazem a nossa rotina contemporânea. Estamos gravando em 24 quadros, com a mesma qualidade de imagem da série "A Cura". É a primeira novela com essa tecnologia. 




Parceria


É uma parceria que já foi testada e que foi muito bem em 'Cama de Gato'. A Duca e a Thelma são autoras de muito talento, trazem um ritmo ao melodrama muito moderno e ágil. A história delas traz muita inspiração e muito fôlego para a direção. Eu e Amora Mautner temos muita sintonia profissional, muita empatia.Eu admiro muito o trabalho dela, identifico nela um grande talento e acredito que ter um olhar feminino à frente desse projeto faz toda a diferença. 




Trilha Sonora


O Eduardo Queiroz compôs uma trilha inédita e especial para a novela. Todo o trabalho musical foi desenvolvido com a preocupação de levar esse imaginário brasileiro, essa mitologia de cordel, que faz parte da nossa história e da nossa identidade nacional, que são as grandes inspirações da trama, para o público. Vai ter trilha não só instrumental, mas cantada também, mas ainda estamos escolhendo.




Perfil dos Personagens




Mocinhos e bandidos de Brogodó


Açucena Bezerra / princesa Aurora Catarina Ávila de Seráfia (Bianca Bin) - Criada no sertão por Euzébio (Enrique Diaz) e Virtuosa (Ana Cecília Costa), a típica menina sertaneja é, na verdade, a tão procurada princesa Aurora do reino de Seráfia do Sul. De beleza rústica e natural, é alegre, espontânea e inteligente. É irmã de Cícero (Miguel Rômulo), um dos amigos de Jesuíno (Cauã Reymond), por quem é apaixonada. 


Jesuíno Araújo (Cauã Reymond) - Afilhado do coronel Januário (Reginaldo Faria), vive em sua fazenda com a mãe Benvinda (Claudia Ohana) desde criança. É bonito, forte, bom moço e com grande senso de justiça. Noivo de Açucena (Bianca Bin), Jesuíno não sabe que é filho do mais temido cangaceiro da região. Seu grande inimigo será Timóteo Cabral (Bruno Gagliasso), filho de Januário, que, além de oprimir os empregados da fazenda, tentará separá-lo de Açucena.


Herculano (Domingos Montagner) - O cangaceiro mais famoso do sertão de Brogodó é um verdadeiro mito. Temido e respeitado, nunca desistiu da idéia de resgatar o filho Jesuíno (Cauã Reymond) e introduzi-lo no cangaço. Não se conforma com a rejeição do filho, mas logo se verá lutando ao lado de Jesuíno a favor dos desfavorecidos da região. 


Timóteo Cabral (Bruno Gagliasso) - Filho mais velho do coronel Januário Cabral (Reginaldo Faria), o rapaz é cruel e autoritário e se aproveita da morte do pai para tomar a fazenda. Passa por cima de quem for para realizar seus caprichos, principalmente dos pobres sertanejos da região. Seu grande alvo é Açucena (Bianca Bin), que não se rende às suas investidas. Fará de tudo para prejudicar Jesuíno (Cauã Reymond) e impedi-lo de ficar com a noiva.


Maria Cesária (Lucy Ramos) - Filha mais velha de Damião (Tony Tornado) e Amália (Débora Duarte), é a melhor cozinheira da cidade. Se torna amiga e cúmplice Dora (Nathalia Dill) ao começar a trabalhar na casa do prefeito Patácio (Marcos Caruso). O rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) também se encantará por seus quitutes e por sua beleza. 


Dora (Nathalia Dill) - A filha do prefeito de Brogodó, Patácio Peixoto (Marcos Caruso), e de dona Ternurinha (Zezé Polessa) é uma moça corajosa e de temperamento forte. A função, imposta pelo pai, de acompanhante do príncipe Felipe (Jayme Matarazzo) lhe garantirá fácil entrada na família real e informações valiosas, que passará a Jesuíno (Cauã Reymond), por quem se apaixonará. 


Antônia (Luiza Valdetaro) - A recatada filha mais nova do coronel Januário (Reginaldo Faria) vive reclusa na fazenda do pai.  É obrigada a se casar com o delegado Batoré (Osmar Prado) mesmo apaixonada pelo infante Inácio (Maurício Destri), que abdica do amor da moça para servir aos pobres de Vila da Cruz. 


Euzébio Bezerra (Enrique Diaz) - Sertanejo sofrido e calejado, vive e trabalha na fazenda do coronel Januário (Reginaldo Faria). É pai de criação de Açucena (Bianca Bin) e biológico de Cícero (Miguel Rômulo). Muito religioso e apegado aos valores, zela por sua família e teme pela reputação da filha, já que Timóteo (Bruno Gagliasso) não lhe dá sossego. 


Virtuosa Bezerra (Ana Cecília Costa) - A mãe de Açucena (Bianca Bin) e Cícero (Miguel Rômulo) é a típica sertaneja doce e amável, mas que vira uma leoa quando um filho precisa de proteção. Dedica especial atenção a Açucena, que foi deixada aos seus cuidados depois que perdeu um filho recém-nascido. 


Siá Benvinda (Claudia Ohana) - A mãe de Jesuíno (Cauã Reymond) ainda era mocinha quando se apaixonou por Herculano (Domingos Montagner), acreditando que o amado era um herói. Tempos depois, apavorada com o terror do cangaço, pediu ao marido para criar o filho longe dali. Em troca de proteção, o coronel Januário (Reginaldo Faria) aceitou receber a família do cangaceiro, que passou a viver na fazenda sob os cuidados do coronel.


Cícero Bezerra (Miguel Rômulo) - Irmão menor de Açucena (Bianca Bin), o menino é valente como o pai e defende a irmã do assédio de Timóteo (Bruno Gagliasso). É apaixonado desde criança por Antonia (Luiza Valdetaro), filha do coronel Januário (Reginaldo Faria). 






Heróis e Vilões de Seráfia


Rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) - Amado pelo povo de Seráfia do Norte, Augusto é casado com a rainha Cristina (Alinne Moraes), com quem teve a princesa Aurora (Bianca Bin). É bonito, alegre e muito ativo, mas, depois da morte da mulher e do desaparecimento da filha, se descuida e perde seu espírito aventureiro. Só volta a se animar quando descobre que sua filha pode estar viva no Brasil, para onde se muda com a corte de Seráfia. Seu senso de justiça conquistará a simpatia dos moradores de Brogodó e o coração de Cesária (Lucy Ramos).


Duquesa Úrsula (Debora Bloch) - A grande vilã de Seráfia do Norte é bonita, sofisticada e bastante vingativa. Amante de Nicolau (Luiz Fernando Guimarães), se livra do marido Petrus (Felipe Camargo), irmão mais novo do rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia), e  consegue dar um fim em Cristina e Aurora para ocupar o posto de rainha, o que passa anos tentando sem sorte. A duquesa vai com o rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) para o Brasil, quando a corte se muda em busca da princesa perdida. Seu grande objetivo passa a ser casar a filha Carlota (Luana Martau) com o príncipe Felipe (Jayme Matarazzo) e, para isso, se encarregará de que a princesa Aurora (Bianca Bin) não seja encontrada.


Príncipe Felipe (Jayme Matarazzo) -  Sensível e romântico,  Felipe está empenhado em encontrar a princesa Aurora (Bianca Bin), mas acabará se apaixonando por sua companhia constante Dora (Nathalia Dill). 


Infante Dom Inácio (Maurício Destri) - Irmão mais novo de Felipe (Jayme Matarazzo), Inácio terá uma "iluminação" e  abdicará do amor de Antonia (Luiza Valdetaro) para servir aos pobres de Vila da Cruz ao lado de Miguézim (Matheus Nachtergaele)


Nicolau Brugüel (Luiz Fernando Guimarães) - Grande comparsa e amante de Úrsula (Debora Bloch), o mordomo da corte de Seráfia do Norte é louco por dinheiro e poder. O vilão ajuda a duquesa em seus planos de se tornar rainha em troca de um trono na realeza, mas é capaz de passar a perna nela também. Com Úrsula, entrará na corrida pelo tesouro.


Lady Carlota (Luana Martau) - Filha de Úrsula (Debora Bloch) e Petrus (Felipe Camargo), a moça é mimada, ambiciosa e autoritária como a mãe. Só perde em beleza e inteligência, mas aceitará rapidamente o plano de Ursula de se casar com Felipe (Jayme Matarazzo) para conseguir poder no reino de Seráfia. Só não esperava que, com o cancelamento de seu casamento, iria parar do outro lado do mundo e se apaixonar justamente pelo bronco Timóteo (Bruno Gagliasso). 


Duque Petrus (Felipe Camargo) - Irmão mais novo do rei Augusto, é casado com Úrsula (Debora Bloch) e pai de Lady Carlota (Luana Martau). Apaixonado pela mulher, descobre que seu casamento foi um erro quando Úrsula o prende numa máscara de ferro para conseguir se tornar rainha. 






Os Cidadãos e Cidadãs Brogodenses e a Corte de Seráfia


Zenóbio Alfredo (Guilherme Fontes) - É o botânico e estudioso das ciências naturais quem descobre o tesouro perdido no Brasil e, anos mais tarde, que a princesa Aurora (Bianca Bin) continua viva. Depois da expedição da família real, fica no Brasil e se casa com Florinda (Emanuelle Araújo), com quem tem três filhos metidos a cientistas como o pai: Dulcina (Bárbara Maia), Zig (Caio Manhente) e Rosa (Isabelle Drumond), que trabalha como secretária da prefeitura. Será a pedra no sapato de Úrsula (Debora Bloch) e Nicolau (Luiz Fernando Guimarães), que, ao contrário de Zenóbio, não querem que a princesa seja encontrada.


Florinda (Emanuelle Araújo) - A linda e graciosa morena é casada com Zenóbio (Guilherme Fontes), com quem forma um dos casais mais apaixonados de Brogodó.  Com os pés no chão, é ela quem administra a venda que sustenta a família e que, de noite, oferece um animado forró. É irmã mais velha da professora Teínha (Patrícia Werneck), que mora com ela. É invejada pelas mulheres da cidade por ser amada pelo marido, ter seu próprio negócio e frequentar a corte de Seráfia, quando esta chega à cidade.


General Baldini (Emilio de Melo) - O militar de rígida disciplina do exército de Seráfia do Norte é vaidoso e só anda fardado, ostentando suas inúmeras medalhas e condecorações. Excelente estrategista, tornou-se conselheiro do rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) e o acompanha até Brogodó para ajudá-lo a encontrar a princesa. 


Patácio Peixoto (Marcos Caruso) - É o prefeito de Brogodó e aliado político do coronel Januário (Reginaldo Faria) e de Timóteo (Bruno Gagliasso). Casado com dona Ternurinha (Zezé Polessa), é pai de Fausto (Renato Góes) e Dora (Nathalia Dill). A família não lhe dá sossego: Dora (Nathalia Dill) critica suas decisões administrativas, a mulher é fútil e vaidosa e o filho Fausto (Renato Góes), um rapaz influenciável, que não tem capacidade para ser seu sucessor na política.


Dona Ternurinha (Zezé Polessa) - A esposa do prefeito Patácio (Marcos Caruso) é deslumbrada com o posto de primeira-dama da cidade e anfitriã da corte de Seráfia, a quem tenta imitar nos gestos e vestuário. Será explorada por Úrsula (Debora Bloch) e Nicolau (Luiz Fernando Guimarães). É feia e tenta disfarçar sua feiúra se vestindo com espalhafato. Não se conformará com a falta de modos da filha Dora e tentará de todas as maneiras casar o filho Fausto (Renato Góes), seu verdadeiro xodó, com Lady Carlota (Luana Martau), para entrar para a nobreza. 


Fausto (Renato Góes) - O rapaz é filho do prefeito Patácio (Marcos Caruso) e de Ternurinha (Zezé Polessa). É amigo e comparsa de Timóteo Cabral (Bruno Gagliasso), que o usará para prejudicar Jesuíno (Cauã Reymond) e o príncipe Felipe (Jayme Matarazzo). Vive brigando com a irmã Dora (Nathalia Dill) por não gostar que ela aponte suas fraquezas. 


Delegado Batoré (Osmar Prado) - O delegado se chama Altino, mas ganhou o apelido de Batoré por ser baixinho e gordo. Bastante medroso, vive para servir aos interesses de Januário Cabral (Reginaldo Faria) e de seu filho Timóteo (Bruno Gagliasso). Solteirão, sonha se casar com Antonia (Luiza Valdetaro), de quem está noivo. Vive com sua irmã Neusa (Heloísa Perissé). 


Neusa (Heloísa Perissé) - Para não ficar sozinha, a mulher do turco Farid, barbeiro itinerante que vive viajando, mora com o irmão Batoré (Osmar Prado), a quem controla completamente. Desconfia que Filó (Flávia Rubim), a empregada solteirona da casa, arrasta suas asinhas para o irmão e não tira os olhos dela. Considera-se muito amiga de Ternurinha (Zezé Polessa), mas as duas vivem disputando para ver quem é mais rica e bem relacionada. Só se juntam para falar mal de Florinda (Emanuelle Araújo), a linda esposa de Zenóbio (Guilherme Fontes), a quem invejam.


Farid (Mohamed Harfouch) - O turco barbeiro itinerante passa de casa em casa extraindo dentes, fazendo a barba dos homens da região e cortando cabelo. É casado com Neusa (Heloísa Perissé), mas tem mais duas mulheres, Bartira (Andreia Horta) e Penélope (Paula Burlamaqui). Em Brogodó, toca sua sanfona com Quiquiqui (Marcello Novaes) e Setembrino (Glicério Rosário) para animar as noites da venda de Florinda (Emanuelle Araújo). É bom de conversa, muito cavalheiro e bem vestido.


Penélope (Paula Burlamaqui) - É uma das primeiras jornalistas e fotógrafas brasileiras. Sofisticada, vive na capital onde conheceu Farid (Mohamed Harfouch), com quem se casou sem pensar duas vezes. Só descobrirá a infidelidade do marido quando for a Brogodó cobrir a história da princesa perdida no sertão. Lá, conhecerá Herculano e passará a acompanhar o bando, documentando a vida no cangaço em filme, como uma "Benjamin Abraão" de saias.


Bartira (Andreia Horta) - A terceira mulher de Farid (Mohamed Harfouch) é bonita e muito sensual. A única com quem o turco tem filhos. Vive em Vila da Cruz. 


Quiquiqui (Marcello Novaes) - O irmão de Setembrino (Glicério Rosário) só não gagueja enquanto está cantando e tocando zabumba com o famoso trio de forró, que anima as noites brogodenses. Quando não está tocando, vende santos na porta da igreja. Foi criado com o irmão pelo padre Joaquim (Genézio de Barros) e frequenta o curso de alfabetização da professora Teínha  (Patrícia Werneck), por quem se apaixona. É motivo de gozação por sua gagueira, sendo defendido apenas pelo irmão.


Setembrino (Glicério Rosário) - Assim como o irmão Quiquiqui (Marcello Novaes), o pequenino e inteligente rapaz é órfão e foi criado pelo padre Joaquim (Genézio de Barros). Trabalha com o irmão na venda de Florinda (Emanuelle Araújo) e também faz parte do trio de forró, onde toca triângulo. Também se apaixona por Teínha (Patrícia Werneck), mas abdica de seu amor quando percebe que o irmão também gosta da professora. 


Galego (Renan Ribeiro) - O filho de Damião (Tony Tornado) e Amália (Débora Duarte), empregados na fazenda do Coronel Cabral, é motivo de discórdia em casa. Muito diferente dos pais e irmãos Tibungo (Land Vieira), Juca (Max Lima) e Maria Cesária (Lucy Ramos), o menino é ruivo e de pele branca. Sofrerá discriminação do próprio pai, que vê no menino a prova da traição de Amália (Débora Duarte). Amigo dos irmãos Setembrino (Glicério Rosário) e Quiquiqui (Marcello Novaes), Galego é apaixonado por Rosa (Isabelle Drumond), mas não tem coragem de se declarar. 


Téinha (Patrícia Werneck) - Irmã mais nova de Florinda (Emanuelle Araújo), a moça estudou na capital e voltou a Brogodó sabendo bordar, tocar piano e logo virou a professora do grupo escolar da cidade, onde mantém um curso de alfabetização de adultos. Quiquiqui (Marcello Novaes) e Setembrino (Glicério Rosário) são apaixonados por ela. 


Rosa (Isabelle Drumond) - A filha mais velha de Zenóbio (Guilherme Fontes) e Florinda (Emanuelle Araújo) ajuda Téinha (Patrícia Werneck) na escola.


Padre Joaquim (Genézio de Barros) - Há muitos anos no sertão, o padre comanda a igreja do santo padroeiro, São João Batista. Embora tema a chegada da corte de Seráfia, é bastante conciliador e ajudar a mediar conflitos e interesses.  Cuida de seu sobrinho Eronildes, o Nidinho (João Fernandes Nunes), e dos irmãos que encontrou num orfanato, Quiquiqui (Marcello Novaes) e Setembrino (Glicério Rosário).


A rainha-mãe, Efigênia (Berta Loran) - Mãe do rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia), a matriarca é doce, mas fala o que pensa para quem quer que seja. Ajudará Açucena (Bianca Bin) a se tornar uma verdadeira princesa.


Damião (Tony Tornado) - Trabalhador da fazenda do coronel Cabral (Reginaldo Faria), sofre por suspeitar que foi traído pela mulher Amália (Débora Duarte) por ter um filho branco, Galego (Renan Ribeiro). 


Amália (Débora Duarte) - Mulher de Damião (Tony Tornado), a sertaneja também trabalha duro na fazenda e é acusada de ter traído o marido Damião (Tony Tornado). 


Miguézim (Matheus Nachtergaele) - O fundador da comunidade de Vila da Cruz é uma espécie de profeta. Com sua túnica puída e cajado conforta o povo sofrido da região, que vai ao cruzeiro erguido por ele para ouvi-lo. Sonhará com a chegada de um rei que livrará o povo do sertão da opressão dos senhores de terra e verá em Dom Inácio (Maurício Destri) seu sucessor, emprestando-lhe as palavras, o cajado e uma pesada missão. 


Tibungo (Land Vieira) - É uma espécie de jagunço de Timóteo (Bruno Gagliasso) e compartilha das desconfianças do pai Damião (Tony Tornado) em relação ao irmão Galego (Renan Ribeiro). 


Filó (Flávia Rubim) - A empregada da casa de Batoré (Osmar Prado) é graciosa, esperta e morre de medo de ficar solteirona. É cúmplice de Farid (Mouhamed Harfouch) e é a única que conhece o segredo do turco. 


Lilica (Nanda Costa) - A espevitada empregada da casa do coronel Cabral (Reginaldo Faria) é órfã e agregada da casa. Seguindo ordens do patrão, vigia Antônia (Luiza Valderato) para evitar que ela tenha contato com rapazes.  Gosta de Tibungo (Land Vieira), mas luta contra esse amor e tenta se aproximar de Nicolau (Luiz Fernando Guimarães) para se tornar nobre e morar em Seráfia. 


Cabo Paçoca (Marcelo Flores) - Medroso, atrapalhado e fofoqueiro, trabalha na delegacia de Batoré (Osmar Prado).


Soldado Rufino (Alessandro Tcche) - É mais sério e mais corajoso que Paçoca. Um pouco mal humorado, não resiste a um rabo-de-saia.






Os cangaceiros


Zóio-Furado (Tuca Andrada) - O informante e mensageiro de Herculano (Domingos Montagner) é bastante feio e usa tapa-olho. 


Bel, Belarmino (João Miguel) - Só tem o respeito dos demais companheiros porque, apesar de vaidoso e afeminado, é muito valente e corajoso quando está lutando. Vai se apaixonar por Penélope (Paula Burlamaqui), quando a jornalista passar um tempo no cangaço. 


Cândida (Ilva Nino) - A mãe de Herculano (Domingos Montagner) nasceu cangaceira e perdeu o marido no cangaço. Suas histórias confirmam a fama de cruel, corajosa e mandona. Só respeita o filho Herculano (Domingos Montagner). 






As crianças


Lady Cecília (Sofia Terra) - Sua adoção pela tia Úrsula (Debora Bloch) esconde um segredo. É uma menina bonita, de bom coração, curiosa e bastante comunicativa. No Brasil, se tornará amiga de Juca (Max Lima), filho de Damião (Tony Tornado) e Amália (Débora Duarte).


Juca (Max Lima) - O irmão mais novo de Maria Cesária (Lucya Ramos) disputa o amor de  Lady Cecília (Sofia Terra) com Nidinho (João Fernandes Nunes). Trabalha como contínuo na prefeitura e dá boas ideias para Patácio (Marcos Caruso). 


Eronildes, o Nidinho (João Fernandes Nunes) - Muito levado, enlouquece o tio, o padre Joaquim (Genézio de Barros), com sua bagunça. Na hora da missa e de suas orações, o menino vira um anjo e ajuda na sacristia. Encanta-se com Lady Cecília (Sofia Terra).


Dulcina (Bárbara Maia) e  Zig (Caio Manhante) - São filhos de Zenóbio (Guilherme Fontes) e verdadeiros cientistas-mirins. 






Participações Especiais


Coronel Januário Cabral (Reginaldo Faria) - Dono da Fazenda Morro Branco, é o maior latifundiário da região. Fará de Jesuíno (Cauã Reymond) seu braço direito depois que a família do cangaceiro Herculano (Domingos Montagner) passar a morar na fazenda. Ao morrer, deixará seu legado para o filho Timóteo (Bruno Gagliasso).


Angélica Cabral (Beth Berardo) - A mulher de Januário (Reginaldo faria) é doce, bondosa e generosa com seus empregados. Morre logo após o parto de Antonia (Luiza Valdetaro), deixando-a órfã. Terá seus segredos conhecidos pela filha que vai ler seu diário depois que, escondida de todos, for alfabetizada por Teínha (Patrícia Werneck). 


Rainha Cristina (Alinne Moraes) - A linda e educada plebéia Cristina encantou Augusto (Carmo Dalla Vecchia) e tornou-se rainha de Seráfia Norte, para ódio de Úrsula (Debora Bloch), noiva de Augusto na época. Com a única filha, a princesa Aurora (Bianca Bin), Cristina será vítima da vingança da duquesa, que nunca se conformou em ter sido trocada. 


Rei Teobaldo (Thiago Lacerda) - O marido de Helena (Mariana Lima) e pai de Felipe (Jayme Matarazo) e Inácio (Maurício Destri) é o rei de Seráfia do Sul. Morre em uma batalha contra Seráfia do Norte, mas, antes, firma um acordo de paz com o rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia). Pelo acerto, seu filho Felipe (Jayme Matarazzo) deve se casar com a princesa Aurora (Bianca Bin).


Rainha Helena (Mariana Lima) - Esposa de Teobaldo (Thiago Lacerda), mãe de Felipe (Jayme Matarazo) e Inácio (Maurício Destri). Perde o marido quando está grávida de Inácio (Maurício Destri).

Amadeus (Zé Celso Martinez) - É o oráculo e grande conselheiro do reino e quem interpreta os sonhos do rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia). 

1 Comentário:

Eletrica reduz disse...

Muito boa sua postagem, inteligente e muito bem irfamado parabéns...

Obs: ouvi dizer que os personagens do Cauâ e da Bianca ( Jesuino,Açucena )começam como criaças, quis os atores que faram esta face? são parecidos com eles ?

Postar um comentário

  ©Noticias da tv brasileira - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo