Conheça a nova minissérie da Globo 'Dercy de Verdade'
Soam os três sinais. A cortina se abre e Dercy Gonçalves (1907 - 2008) sobe ao palco. Sem roteiro, sem texto decorado, sem direção. Assim costumava trabalhar, não aceitava que lhe dissessem como fazer aquilo que ela parecia ter nascido sabendo. E com improviso, liberdade, irreverência e bom humor, a comediante conquistou uma plateia fiel.
Na vida pessoal, Dolores Gonçalves Costa, seu nome de batismo, mantinha a mesma natureza independente e, muitas vezes, até agressiva. Um hábito que desenvolveu para se defender da vida. Marcada pelo abandono da mãe ainda na infância; os maus tratos do pai, e a hostilidade da vizinhança em Santa Maria Madalena (RJ), sua terra natal, a jovem aprendeu a não levar desaforos para casa. E não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade de deixar tudo, e todos, para trás. Ela não era mulher de engolir sapos, nunca foi!
Mas, afinal, quem era Dercy de verdade?
Uma mulher ousada e abusada, mas também, tímida e recatada. Digna, porém, desbocada. Uma mulher que caiu e se levantou quantas vezes foram necessárias. Que amou, mas disse nunca ter sido apaixonada. Uma guerreira incansável que escondia das pessoas o seu romantismo e a sua fragilidade. A atriz que, em quase um século de trabalho, conquistou uma plateia fiel com apenas uma preocupação: o público. Uma mãe que encontrou em sua filha a mais bela relação que teve na vida.
Na minissérie 'Dercy De Verdade', a autora Maria Adelaide Amaral propõe revelar quem foi Dercy (Heloísa Périssé/ Fafy Siqueira), aquela que o público consagrou tanto quanto a que todos desconhecem. E destaca os motivos que a impulsionaram a contar a história da artista e sua amiga pessoal: "Em primeiro lugar, eu não queria que ela fosse esquecida. Segundo, eu não gostaria que ela fosse lembrada como 'aquela velha que só falava palavrão'.
Para atender ao desejo da autora, Jorge Fernando não poupou esforços na participação de Dercy na produção. A própria Dercy Gonçalves também protagoniza 'Dercy de Verdade'. Através de imagens de arquivo da Rede Globo, momentos que fizeram parte da vida da artista serão utilizados nos capítulos e nas aberturas produzidas para cada dia do programa. E a história de um século de vida da artista e 86 anos de carreira, não para na tevê. O diretor também levará a história para o cinema.
'Dercy De Verdade' é de autoria de Maria Adelaide Amaral, baseada na obra DERCY DE CABO A RABO, da própria autora, com a colaboração de Leticia Mey, e direção geral e de núcleo de Jorge Fernando. A minissérie, de quatro capítulos, vai ao ar dia 10 de janeiro de 2012, de terça a sexta-feira.
A malandrinha
"Aquelas famílias de Madalena que me tocaram não tiveram culpa, foi Deus que me fez passar por tudo isso... Sabia que Madalena era pequena demais pra mim, sabia que eu não cabia em Madalena"
Dercy Gonçalves
Dercy, batizada Dolores Gonçalves Costa (Luiza Perissé/ Heloísa Périssé), nasceu em Santa Maria Madalena, região serrana do Rio de Janeiro. Ainda criança, sofreu ao ser abandonada pela mãe, que deixou a família ao descobrir a infidelidade do marido, Manuel (Walter Breda). A rejeição materna deixou marcas profundas em Dolores/Dercy por toda a vida.
Irreverente, ousada e sonhadora, a menina cresceu e enfrentou o mundo com sua língua afiada. E aprendeu a se defender da provocação da família e da vizinhança, que não tolerava a maneira com a qual a garota se vestia, andava e falava.
Ainda jovem foi expulsa do coro feminino da igreja, apesar da belíssima voz. A justificativa: ela cantava mais alto do que as outras meninas, e também era sem modos; além de se pintar como uma "mulher da vida". Dolores não entendeu o preconceito e contestou a decisão dizendo que era tão pura quanto Virgem Maria.
Fã de Theda Bara e Pola Negri, os sonhos ultrapassavam o oceano. E enquanto trabalhava no cinema da cidade como bilheteira, Dolores desejava ser estrela de Hollywood, apesar de não ter ideia de onde ficava.
Ela entendia que Madalena não era seu lugar. Dolores queria ir embora, mas não sabia como.
"Você devia ser artista"
Foi quando chegou à pequena cidade a companhia de teatro Maria de Castro. Pascoal (Fernando Eiras), um dos astros, era um galã que cantava e dançava tango. Para chamar sua atenção, Dolores cantou "A Malandrinha", um hit de Freire Junior. E o elogio de Pascoal mudou a vida de Dolores para sempre: "Você devia ser artista!", era o que a jovem precisava ouvir. Em dois tempos, arrumou as malas e decidiu partir com a companhia no dia seguinte.
A única pessoa que sabia dos planos de Dolores era Bita (Rosi Campos), sua irmã mais velha e fiel escudeira. A caçula estava determinada, não queria continuar em Madalena! Precisava ir para onde não a maltratassem tanto.
Pascoal mal acreditou quando a viu entrar no trem: "Você não disse que eu devia ser artista? Então...". Os planos quase foram por água abaixo quando o policial interrompeu os dois, levando-os para a delegacia, onde deveriam esperar o pai da moça. Apesar das tentativas de Pascoal para explicar que mal se conheciam, a jovem insistia que eles haviam tido uma relação íntima. Diante dos fatos, Manuel consentiu a viagem. Mas avisou a Pascoal que ele teria que cumprir com suas obrigações, ou seja, casar com Dolores.
E foi no caminho do trem que Dolores encontrou o teatro - e fez dele seu refúgio. Monta cenário, abre cortina. Desmonta cenário, fecha cortina. Aplausos. E eles seguiam viajando. Não demorou muito para que Pascoal e Dolores ficassem noivos, mas, diferente da imagem que passava, ela queria casar virgem.
A primeira noite de intimidade do casal aconteceu logo após o matrimônio, mas foi um desastre e nunca mais voltou a acontecer. Eles acabaram vivendo uma grande parceria, como dois irmãos.
Os Pascoalinos
Depois que a companhia Maria de Castro se dissolveu, Dolores (Heloísa Périssé) e Pascoal (Fernando Eiras) formaram a dupla "Os Pascoalinos", e passaram a se apresentar em circos e cinemas, cantando e dançando, quase sempre a troco de nada.
A vida mambembe dos dois não lhes garantia nem mesmo um prato de comida. Mas eles seguiram, entre altos e baixos, até que Pascoal foi diagnosticado com tuberculose. Parceira, Dolores foi para São Paulo atrás de trabalhos que assegurassem dinheiro para bancar o tratamento do marido.
Vaias
Dolores (Heloísa Périssé) decidiu mudar seu nome para Dercy, inspirada na então primeira-dama, Darcy Vargas. Com o apoio de Isabel de Oliveira (Paula Burlamaqui), foi para São Paulo onde faria sua primeira tentativa no teatro Boavista, um dos melhores da cidade. Mas as coisas não saíram como o esperado. Escalada para substituir Otília Amorim, estrela da época, Dercy ficou em pânico quando abriram as cortinas e não conseguiu cantar.
Foi vaiada e expulsa do teatro, sob ameaças de nunca mais trabalhar nos palcos paulistas. Sem saber para onde ir, e com a reputação manchada, seguiu o conselho de Isabel e foi atrás de dinheiro fácil num bordel de classe. Acontece que a jovem, aparentemente descolada, não sabia nem mesmo se já tinha perdido a virgindade.
E entre as quatro paredes de um quarto, na companhia de Valdemar (Cássio Gabus Mendes), um senhor para lá de distinto, começou a chorar e confidenciou sua história. O sujeito ficou tão comovido que pagou mesmo sem ter recebido pelo serviço, deixando também um dinheiro a mais: "Isso é para você ir para o Rio. Se você quer mesmo ser artista, lá é o seu lugar."
Nasce uma estrela
"Eu sou forte! Eu caio, me abalo, me abato, me levanto e parto pra outra!"
Dercy Gonçalves
Dercy comunicou a Pascoal (Fernando Eiras) que não tinha mais condições de ficar em São Paulo, e que estava de partida para o Rio de Janeiro. Ele decidiu acompanhá-la e os dois seguiram para a Casa de Caboclo, que funcionava no que havia sobrado do Teatro São José, na Praça Tiradentes, uma espécie de teatro de variedades com esquetes e números musicais com os cantores da época.
Pascoal conhecia Duque (Júlio Levy), famoso dançarino de maxixe com sucesso na Europa, nos anos 10, e também empresário. Em consideração ao amigo, Duque conseguiu uma oportunidade para "Os Pascoalinos", mas na primeira apresentação ficou claro que Pascoal já não tinha mais saúde para continuar. A solução foi levá-lo para Madalena, onde receberia os cuidados de Bita (Rosi Campos).
De volta ao teatro, uma grande chance caiu do céu para os braços da atriz. Durvalina Ferreira estava doente e Dercy foi escalada de última hora para substituí-la no espetáculo com Jararaca (Anderson Di Rizzi) e Ratinho (Hilton Castro), a prata da casa.
O que tinha tudo para ser uma apresentação normal, obviamente não foi. Afinal, tratava-se de Dercy Gonçalves, a rainha do improviso. A apresentação fora do roteiro agradou a plateia. No dia seguinte, seu nome estava em destaque na porta do teatro - e a cuspida já era considerada sua marca registrada.
Pascoal morreu um ano depois. E Valdemar (Cássio Gabus Mendes), que reencontrou Dercy no Rio de Janeiro durante uma apresentação, tornara-se mais que um fiel espectador da artista.
Dercy e seus amores
A atriz chegou a dizer que nunca se apaixonou: "Nunca ninguém me chamou de 'meu amor', de verdade, nem eu disse pra ninguém 'eu te amo', porque amor é lindo demais. Eu não vou jogar pérolas ao primeiro porco que passa!"
Mas ela amou, e muito...
Valdemar, um homem bom
Um amor que nasceu da compaixão. O encontro no bordel em São Paulo rendeu mais do que algum dinheiro para iniciar a vida artística no Rio de Janeiro. Valdemar mostrava-se cada vez mais presente e solidário. Ele percebeu que a atriz não estava bem e, após o diagnóstico de tuberculose, bancou o tratamento num sanatório.
Como gratidão, Dercy (Heloisa Périssé) se entregou a Valdemar, mas a intimidade rendeu uma gravidez. Ele era casado, mas insistiu para que a gestação não fosse interrompida.
O maior amor de todos
E assim, no dia 24 de dezembro de 1934, nasceu Decimar (Samara Felippo). Este acontecimento mudaria o destino de Dercy para sempre. "Eu não entendia nada de criança, mas aquela menina ia mudar minha vida", declarou a artista.
Ela era uma mulher íntegra, logo, o fato de Valdemar ser casado a impedia de dar continuidade àquela história. Afinal, os planos da mãe incluíam uma educação decente e, principalmente, um pai com quem Decimar pudesse entrar de braços dados na igreja um dia.
Valdemar, por sua vez, era um homem bom e enquanto esteve vivo cuidou para que mãe e filha não ficassem desamparadas financeiramente. Até que ficou doente, o que obrigou Dercy a correr atrás de dinheiro para sustentar a menina.
Como mãe, Dercy (Heloésa Périssé/ Fafy Siqueira) se empenhou para oferecer o melhor para Decimar. Não queria que a filha passasse pelas mesmas coisas que ela tinha vivido. Então, prometeu a si mesma que nunca a deixaria ser humilhada ou pisada por ninguém.
Decimar (Samara Felippo) cresceu no Rio de Janeiro com uma vida digna de princesa. Dercy queria que ela fosse igual às outras meninas e contratou uma governanta francesa para lhe ensinar boas maneiras. A garota também recebia instruções de como se comportar com os rapazes - não podia pegar nas mãos ou beijar em público. Afinal, qualquer deslize era motivo para comentários negativos da vizinhança, que já não via Dercy com bons olhos.
Decimar acabou sendo aquilo que a mãe almejou para ela, e que, segundo Maria Adelaide Amaral, Dercy pensava sobre a mulher ideal: uma pessoa recatada, respeitada, com uma imagem impecável.
Respeitável público, com vocês Vito Tadei
Foi em uma apresentação circense que ela conheceu Vito Tadei (Ricardo Tozzi), acrobata e mulherengo. Dercy (Heloísa Périssé) terminou com Valdemar e se casou com o artista de circo. O casal teve uma vida de altos e muitos baixos. Vito provocava em Dercy ciúmes e desconfianças. "O ciúme e o ódio eram tantos, que até aprendi a nadar.", disse a atriz sobre o dia em que foi atrás do namorado e de uma suposta amante dentro do mar. Envergonhada, jurou que nunca mais daria vexame nem se apaixonaria outra vez. Logo depois, o artista recebeu uma proposta para se apresentar na Europa e queria que ela o acompanhasse, mas sem Decimar. Ainda que fosse louca por ele, deixar a filha estava fora de cogitação. Eles se separaram sob juras de amor.
Augusto e Dercy, uma dupla do balacobaco
Foi então que apareceu Augusto Duarte (Tuca Andrada), um jornalista que conhecia como ninguém os bastidores e negócios do Teatro de Revista. Juntaram o útil ao agradável: ela era uma mina de ouro, ele tinha visão empresarial. E se casaram. Apesar da fama de mulherengo, Augusto dava uma aparência de respeitabilidade ao domicílio do casal. Finalmente, sua filha teria uma família igual às outras, mesmo que fosse só de fachada! Mas não durou muito. Quando flagrou o marido com Olimpia (Mayana Neiva), Dercy (Heloisa Perissé) decidiu que não levaria mais aquele casamento adiante, e pediu divórcio. Estava cansada das constantes brigas por infidelidade no amor e nas finanças.
Homero Kossak, mais que um amigo
Bonito, culto, educado, elegante. Homero Kossak (Armando Babaioff) foi o responsável por sugerir terapia à Dercy (Fafy Siqueira). Nessa relação, ele era o amigo apaixonado por outra moça. Ela suspirava em segredo pelo amor do rapaz. Porém, Dercy sublimou essa paixão, aceitou ser madrinha do casal e resolveu tentar a psicanálise. Os dois foram grandes amigos por toda a vida.
Nem Freud explica...
Dercy (Fafy Siqueira) acabou fazendo terapia por nove anos, o que, segundo ela mesma, ajudou bastante no seu trabalho na TV. Mas antes de levar a psicanálise a sério, a artista se apaixonou por um de seus terapeutas, Dr. Simão (Daniel Boaventura). Ela não poupou artimanhas para conquistá-lo, sendo sempre mal sucedida.
A Praça Tiradentes
Dercy Gonçalves (Heloisa Perissé) começou a carreira na década de 30, com acontecimentos que fizeram o Rio de Janeiro fervilhar. A construção do Cristo Redentor; o samba feito na caixa de fósforos na mesa do Café Nice; e o Teatro de Revista, que saía da coxia para os palcos, só para citar alguns. E foi neste último que a comediante encontrou seu espaço. Com cerca de oito teatros - Teatro Recreio, Carlos Gomes, João Caetano, São José, Íris, Maison, Paris e Ideal - a Praça Tiradentes era o lugar mais importante do Brasil, na opinião da atriz.
Os espetáculos populares satirizavam os costumes daquele tempo, e acabaram por revelar grandes nomes como Chico Anysio, Oscarito, Luz Del Fuego, Araci de Almeida, Carmen Miranda e Araci Cortes.
Só para começo de conversa, artista nem era considerado um profissional. Dercy estava, portanto, à margem da aceitação social. Mas foi com muita coragem, jogo de cintura e carisma que a jovem se consagrou como uma das maiores atrizes de seu tempo. Quase um século de trabalho com uma única preocupação: o público.
Durante anos Dercy foi estrela dos espetáculos de Walter Pinto (Eduardo Galvão), o maior produtor de Teatro de Revista do país. E apesar das dificuldades para a época, a comediante estampava todos os cartazes das peças. Até que o empresário resolveu investir em atrações estrangeiras, o que fez a comediante perder o espaço.
Sucesso na telinha
Amigo e parceiro de trabalho, Chico Anysio (Nizo Netto) apresentou Dercy Gonçalves (Fafy Siqueira) a Carlos Manga (Danton Mello), diretor da TV Excelsior, que a convidou para um programa na TV. Ela não cogitava a ideia de se apresentar sem público, precisava do calor da plateia. Como contraproposta, Manga lhe prometeu um teatro lotado. Logo depois a atriz estrelava "Vovô Deville" e "Dercy Beaucoup", com a liberdade que queria.
O sucesso era tanto que não demorou até que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni (Bruno Boni de Oliveira), lhe fizesse outra proposta. Ele queria Dercy na TV Rio. A atriz queria escapar de São Paulo para não ver Homero e sua noiva, Ana Luisa (Bruna Spínola), o tempo inteiro. E aceitou.
Clô Prado (Drica Moraes), socialite e amiga da atriz, era contra esta decisão. Carlos Manga também ficou desolado. Mas ao perceber que a TV Rio ia de mal a pior, Dercy voltou atrás.
De volta à Excelsior, Manga surgiu com uma ideia aparentemente louca, mas genial, para escapar da censura: Dercy iria apresentar programação infantil. O que parecia piada, na verdade era muito sério! E Dercy bem que tentou, até tirarem seu programa do ar.
Os tempos mudaram e Boni fez uma nova proposta para a atriz, que topou na hora. Pouco depois estreava na TV Globo 'Dercy De Verdade', um programa de variedades.
"Eu não penso na morte, penso na eternidade"
Dercy Gonçalves
Resgate
A árdua tarefa de comprimir 103 anos de vida em quatro capítulos foi da pesquisadora Madalena Prado de Mendonça. A riqueza de material encontrado sobre Dercy Gonçalves acabou transformando o trabalho de pesquisa em desafio. "Dercy nos surpreendeu o tempo todo pela amplitude de sua participação na vida cultural do país. O que nos preocupou, sobretudo, foi mostrar o grau de profissionalismo que ela alcançou tanto como cantora, atriz ou comediante. Apesar de muitos críticos se referirem à humorista como uma improvisadora, Dercy trabalhou com afinco sua vida inteira, se esmerando em cuidar de sua obra e imagem com uma seriedade que muitos desconhecem", explica Madalena.
Para a criação da minissérie, foram analisados 80 anos de vida profissional, quase seis décadas de filmes, e setenta anos de peças de teatro e shows; além de incontáveis trabalhos de televisão. "O material sobre Dercy é primoroso, você se arrisca a se perder assistindo e rindo sozinha. E como ela tão bem dizia, apesar de tantas críticas ao longo de sua carreira, era amada por todas as idades: crianças, jovens, adultos e velhinhos, que riam muito daquela criatura viva e inovadora que parecia nunca descansar", diz a pesquisadora.
Um século de caracterização
A caracterização da minissérie "Dercy De Verdade" tornou-se uma verdadeira equação para a equipe comandada pela supervisora Ana Van Steen. Afinal, um personagem que viveu cem anos não é simples de realizar. E a ideia de dividir a atuação da protagonista em duas atrizes simplificou por um lado, mas, por outro, criou desafios. "Deixamos de lado os detalhes físicos de Heloisa Perissé e Fafy Siqueira para nos fixarmos naquilo que consideramos essencial: o estilo e a personalidade forte de Dercy Gonçalves" explica Anna.
A Dercy de natureza impetuosa, que se maquiava escondida do pai, foi representada por uma maquiagem imperfeita e muito mais expressiva. A cena em que a jovem Dolores é expulsa do coro da igreja, por exemplo, o cabelo dela foi eriçado, como se ele tivesse resolvido assumir seu espírito rebelde.
As perucas da comediante mais velha são assumidamente falsas, pois assim foi esta mulher: corajosa e vaidosa. Cílios postiços dobrando a esquina, numa atitude deliciosamente exagerada. Assim a equipe espera ter conseguido representar essa criatura única e extravagante.
Luz, câmera, ação: Dercy
"Quem tem que roubar a cena é Dercy Gonçalves, e não a luz ou a fotografia", é assim que Paulo Brakars, diretor de fotografia, define seu trabalho na minissérie 'Dercy De Verdade'.
O diretor optou por uma estética natural, com linguagem de cinema. Por se tratar de uma minissérie que vai de 1915 a 2007, o diretor começou a história com pouca cor, evoluindo para um tom mais branco, com Dercy ainda criança. Na segunda fase, foi utilizado um pouco mais de vermelho para evidenciar a falta de luz elétrica pelos lugares por onde ela passou. Concluindo a série, a equipe usou cor no tom palha, a fim de evidenciar a presença de eletricidade. Para os anos 60 e 70, Paulo utilizou um contra luz mais forte, com bastante brilho, para destacar a época da brilhantina.
Para completar a exuberância das filmagens, foram usados três tipos de efeitos: filme antigo super 8; filme rodado a 18 FPS, como era feito nos anos 20, em filmes como os de Chaplin; e também algumas cenas em P&B, utilizado nos filmes dos anos 30 e 40. As imagens de arquivo de Dercy Gonçalves inseridas na minissérie também receberam um tratamento especial.
Sobre o produto final, Paulo Brakars ressalta ainda a importância da parceria entre fotografia, maquiagem e figurino.
Ousadia e extravagância: figurino
A pesquisa que serviu de base para Marilia Carneiro criar o figurino de 'Dercy De Verdade' começou com a obra "Dercy de cabo a rabo", também de Maria Adelaide Amaral. "Eu devorei o livro! Antes disso não tinha intimidade nenhuma com a comediante, só a conhecia como pessoa pública. E fiquei encantada, ela foi uma mulher muito corajosa!", diz a figurinista.
Marilia percorreu todos os brechós de São Paulo em busca de peças que retratassem as décadas de 20, 30, 40, especificamente, devido à dificuldade para encontrar referências desta época, sobretudo de uma mulher brasileira do interior.
Dolores/Dercy era ousada, e isso fica claro já no primeiro capítulo, com a atriz jovem, em Santa Maria Madalena. Para retratar a personalidade forte, Marilia contou com o apoio da maquiagem e do cabelo, cortado igual ao da atriz Pola Negri, artista de Hollywood na qual a menina se espelhava. Esta foi a parte mais complexa, segundo a figurinista: "Saiu do imaginário, não teria como saber a roupa que ela estava usando quando pegou um trem ainda jovenzinha, em 1920. Já aquela Dercy com peruca loira, paetês e cheia de joias, todo mundo lembra.", completa.
Em relação às cores, Marilia optou pelo ocre, terra e café com leite, no máximo laranja, para dar vida ao figurino de Dolores jovem. As cores aparecem junto com a liberdade que a artista conquista quando foge de Santa Maria Madalena com a Trupe Maria de Castro. Mais tarde, já famosa, passa a usar joias, casacos coloridos e perucas extravagantes.
Para entrar no clima: Produção de arte
Pra recriar Santa Maria Madalena, terra natal de Dercy Gonçalves, e o Rio de Janeiro do início do século, Isabela de Sá (supervisora de produção de arte) destaca a obra de Maria Adelaide Amaral, "Dercy De Cabo a Rabo"; o Museu de Dercy; os filmes e os programas de TV que a atriz participou como fundamentais para entrar no clima.
A partir da visita à pequena cidade na região serrana fluminense, a equipe elaborou a reprodução de características da localidade de 1919: carros de boi, carroças, um tilbori, bicicletas, pererecas, vendedores de galinhas e vassouras, verdureiros e doceiros. Elementos usados para dar vida à infância de Dercy Gonçalves.
Para dar ainda mais movimento, também foram usados cinco carros com motor de arranque à manivela. O atelier de Manoel (Walter Breda), pai da comediante, foi pesquisado e construído nos mínimos detalhes - fita métrica, livro com medidas dos clientes e amostras de tecidos, moldes, tesouras, réguas e calendários do ano.
A cadeia pública, para onde a jovem é levada quando tenta fugir de Madalena, foi composta por pastas de processos da época, mapas, diplomas e até o carro da Segurança Pública. Com muito zelo, a equipe também recriou os cartazes de filmes de Pola Negri e Theda Bara, ídolas da atriz, que serviram para compor o cinema da cidade, onde Dercy trabalhou como bilheteira.
Isabela aproveitou as fotos do Teatro de Revista, universo que fez crescer Dercy Gonçalves; além de cartazes originais e de textos citando a história da época. Material utilizado principalmente nos teatros reconstruídos pela equipe de cenário.
A produtora se dedicou aos mínimos detalhes e o resultado poderá ser conferido na minissérie. Mas Isabela destaca com orgulho a composição do apartamento da atriz na Praça Tiradentes, e todos os teatros do local; o hospital onde nasceu Decimar; a Casa de Caboclo; o violão da dupla Jararaca e Ratinho e o avião Pain Air.
Cenografia
Setenta por cento das gravações aconteceram em locações. Os cinegrafistas Eliana Heringer e José Cláudio, destacam como os maiores desafios a terra natal da comediante, Santa Maria Madalena (RJ); a Praça Tiradentes; o Cinema Iris; a Cafeteria Colombo; o Teatro Carlos Gomes; e os prédios da praia do Flamengo e da Glória.
"Esse trabalho é o resultado de muita pesquisa. A gente não teve preocupação de fazer uma reprodução fiel. Misturamos o que encontramos nas pesquisas e adicionamos muito glamour", comenta José Cláudio.
Quanto às dificuldades, ele aponta a falta de acervo para a busca de referências de construções antigas, como a Casa de Caboclo, na Praça Tiradentes; os musicais do Walter Pinto e a própria Dercy nos anos 20, 30 e 40. "Nós precisamos fazer muito malabarismo para conseguir construir essa história", finaliza.
Santa Maria Madalena e Tiradentes
Santa Maria Madalena, Rio de Janeiro
Duas viagens marcaram a busca para contar a história da comediante. A primeira foi em Santa Maria Madalena, região serrana do Rio de Janeiro. Durante sete dias, graças ao trabalho da produção de arte, do cenário e do figurino, a pequena cidade fez uma viagem no tempo. Casas, ruas e igreja foram transformadas em algo bem próximo do que Dolores viveu.
A equipe formada por 150 pessoas incluiu os atores Luiza Périssé, Heloísa Périssé, Fafy Siqueira, Rosi Campos, Fernando Eiras, Walter Breda, Cássio Gabus Mendes, Tuca Andrada, Anja Bittencourt, Álvaro Diniz e Rose Abdallah; produção, direção e figurantes locais.
Uma das locações mais emocionantes para o elenco foi a casa onde a protagonista morou, totalmente reformada pela equipe da Rede Globo para a minissérie. Lá foram gravadas as cenas em que Dercy (Luiza Perissé/ Heloisa Perissé) vive conflitos com o pai Manuel (Walter Breda).
Tiradentes, Minas Gerais
Para retratar a fuga de trem de Dolores (Heloísa Périssé) com Pascoal (Fernando Eiras) de Santa Maria Madalena, assim como a vida mambembe do casal com a companhia Maria de Castro e "Os Pascoalinos", uma equipe com 100 pessoas viajou para Tiradentes. As gravações duraram três dias e tiveram como locação a Maria Fumaça, a praça central e uma pousada.
As cenas gravadas contaram com os atores Heloísa Périssé, Fernando Eiras, Cássio Gabus, Anthero Montenegro, Anja Bittencourt, Álvaro Diniz e Rose Abdallah. Apesar de Dercy Gonçalves nunca ter passado pela cidade, a escolha se deu ao fato de Tiradentes ter um trem, já que o de Santa Maria Madalena está desativado há anos.
Entrevista com a autora Maria Adelaide Amaral
Nascida em Portugal e radicada no Brasil, Maria Adelaide tem no currículo peças teatrais, novelas e minisséries memoráveis. Ela nasceu na cidade de Porto, em 1945, e aos 12 anos veio com sua família para o Brasil, para a cidade de São Paulo, onde cursou Jornalismo na Fundação Cásper Líbero. Por dezesseis anos trabalhou na Editora Abril, até que começou a escrever suas primeiras peças. Começou na televisão em 1990, convidada por Cassiano Gabus Mendes para co-escrever a novela 'Meu Bem, Meu Mal' Seu primeiro trabalho como autora titular foi um remake da obra de Cassiano, 'Anjo Mau', em 1997. Entre outros trabalhos, foi responsável pelas minisséries 'A Muralha' (2000), 'Os Maias' (2001), 'A Casa das Sete Mulheres' (2003), 'Um Só Coração' (2004), 'JK' (2006), 'Queridos Amigos' (2008) e 'Dalva & Herivelto' (2010). No mesmo ano, Maria Adelaide voltou às novelas com 'Ti Ti Ti', uma homenagem a Cassiano Gabus Mendes, autor que a trouxe para a TV.
Você lançou "Dercy - DE CABO A RABO", a pedido da Dercy. Como foi esse convite?
Eu conheci Dercy num almoço, na casa do Homero Kossak, que era amigo dela
desde os anos 50. Conversamos longamente e Dercy comentou que o Boni sempre
quis oferecer a ela a biografia, mas ela ainda não tinha aceitado porque não
achava a pessoa para escrever: "Eu não gosto de intelectual, mas você é
diferente, podia ser a minha filha", e propôs que eu escrevesse.
Sinceramente, eu achei que era uma conversa de almoço, mas três dias depois
o Boni me ligou e reiterou o convite. Eu aceitei, e quando terminei de
escrever 'Sonho Meu' (1993), passei 15 dias na casa dela, gravando e
escrevendo. Disse a Dercy que colocaria a história em primeira pessoa, ela
gostou tanto que achou que tinha sido realmente ela que havia me ditado o
livro.
Como surgiu a ideia de transformar a obra em minissérie?
Essa história sempre ficou na minha cabeça. Primeiro, eu tinha receio de que ela fosse esquecida. Segundo, eu não queria que ela passasse para a história como "aquela velha que só falava palavrão". Eu queria mostrar a Dercy que quase ninguém conhece, a Dercy de verdade.
Se você tivesse que definir a minissérie em poucas palavras, diria que ela é sobre o quê?
Sobre uma grande mulher! E tem uma coisa na Dercy que é espetacular: ela amava o público e era amada por ele. Tinha muito grã-fino que ia escondido assistir aos espetáculos da Dercy. O povo brasileiro, do norte ao sul, amava a Dercy e ria com ela. Dercy foi um elemento de integração nacional, se é que podemos dizer isso.
Você chegou a conhecer Dercy pessoalmente. Quanto dessa relação entrou na minissérie?
Eu acho que a conheci bastante bem. Conheci, inclusive, um lado que ela procurou negar, não que ela admitisse para mim, mas eu senti. Ela dizia que nunca foi apaixonada, mas ela foi. Admiro a dignidade que ela tinha de sair de cena antes de ser mandada embora. Isso ficou muito claro e eu me identifiquei totalmente. Algumas coisas que escrevi jamais poderiam estar lá se eu não tivesse convivido com ela.
Você participou da escolha do elenco?
Sem dúvidas, teve minha benção total! A grande estrela dessa minissérie vai ser a própria Dercy, mas Lolô e Fafy vão brilhar!
Fafy Siqueira interpretou Dercy em 'Dalva & Herivelto' e também no teatro. Você destaca alguma semelhança entre as duas atrizes? Quais?
A Dercy gostava muito da Fafy! Certa vez ela me ligou e disse: "Olha, Fafy quer fazer uma peça sobre mim. Eu falei para ela te procurar porque eu acho que você é quem deve escrever". Nossa parceria começou ali.
Heloisa Perissê é uma atriz voltada para as produções de humor. E a minissérie pretende abordar um lado dramático de Dercy. Como você visualiza a atriz no papel?
Heloisa vai deitar e rolar! O grande comediante em geral é um excelente ator dramático. Difícil é o contrário, nem sempre um ator dramático consegue fazer comédia.
Depois de Ti Ti Ti, como é repetir a parceria com Jorge Fernando. Como é trabalhar com ele?
É ótimo, gosto muito de trabalhar com o Jorge. Quando um autor e diretor realizam um trabalho juntos, é como num casamento. E nós somos muito felizes!
Entrevista com o diretor Jorge Fernando
Mestre do humor. O nome do diretor de núcleo Jorge Fernando é associado imediatamente ao gênero. Carioca de nascença, ele iniciou sua carreira aos 17 anos. No final dos anos 70, depois de passar um ano em Paris, começou sua carreira na Rede Globo como ator do seriado 'Ciranda Cirandinha'. Ainda atuou em algumas novelas, mas sua carreira ficaria marcada pela direção. Em 1980, dirigiu a novela 'Coração Alado', ao lado de Roberto Talma e Paulo Ubiratan. Sua consagração veio em 'Guerra dos Sexos' (1983), quando foi escolhido melhor diretor do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), prêmio que voltaria a receber por 'Vereda Tropical' (1984). Criativo e talentoso, ele tem em seu currículo, além das novelas, musicais, seriados, humorísticos, infantis e programas de auditório. Jorge Fernando também fez carreira no teatro e no cinema. Em quase todos os seus trabalhos, ele se reveza como diretor e ator, marca que mantém até hoje. Sua 25ª novela, 'Ti-Ti-Ti' foi sucesso de audiência em 2010. Este ano (2011), Jorge Fernando ainda protagoniza o seriado 'Macho Man', que está em sua segunda temporada.
Qual é o maior desafio em colocar 'Dercy de Verdade' no ar?
Contar a história de qualquer pessoa que o público conheça é um desafio. Eu amo demais a Dercy, e acredito que todo mundo que faz humor é obrigado a reverenciar e beber nas águas dela e do que ela plantou. Tentei mostrar a mulher que a Dercy gostaria que fosse vista pelas pessoas. Além disso, tentei respeitar ao máximo o texto da Maria Adelaide e tudo aquilo que vi e ouvi!
Que sentimento (s) esse trabalho traz a você?
No início eu estava ansioso! Mas foi o trabalho no qual me senti mais calmo e mais seguro. Gravei só o necessário, eu sei o que quero mostrar! E os atores se entregaram na minha mão, as duas atrizes são duas "monstras". Heloísa Périssé e Fafy Siqueira deram um show! Dercy é um personagem que podia ir para o caricato, o que a gente não queria. Nós queremos lágrimas nos olhos, a emoção da Dercy!
O que o público pode esperar de 'Dercy de Verdade'?
Muita emoção, muita comédia e, sobretudo, conhecer de verdade uma mulher que até então só conhecíamos o estereótipo. A Dercy podia fazer parte de qualquer família (uma tia, uma prima...), foi uma pessoa incrível, guerreira, e que não se deixou abater em nenhum momento!
Depois de Ti-Ti-Ti, como é repetir a parceria com Maria Adelaide Amaral?
Foi ótimo ter emendado Ti-ti-ti com a minissérie. Eu e Maria Adelaide temos uma ligação muito grande. E quando começamos o projeto 'Dercy de Verdade', chegamos a um consenso de que deveríamos costurar a história com imagens de arquivo da artista. Mas como mostrar tanto talento e tantas fases em quatro capítulos? Um dia escutei a voz da Dercy pedindo para aparecer mais, dizendo que também queria estar na minissérie, então resolvi fazer quatro aberturas diferentes, com vários momentos da própria Dercy.
O que o telespectador pode esperar do encontro Maria Adelaide Amaral, Heloísa Perissé e Fafy Siqueira?
Muito talento misturado e garantia de um trabalho profissional, feito com o maior esmero, carinho e amor por essa mulher que foi tão importante para todos nós, artistas, e para todo o público brasileiro!
Perfil dos personagens
Dolores/Dercy (Luiza Périssé/ Heloísa Périssé e Fafy Siqueira) - Mulher, mãe e artista de natureza indomável e irreverente. Destemida, saiu de uma pequena cidade, no interior do Rio de Janeiro, e conquistou um público fiel em quase um século de trabalho. Ficou conhecida como uma das maiores atrizes da Commedia Del'Art.
Decimar (Samara Felippo) - Filha recatada e bem instruída de Dercy Gonçalves. As duas tiveram uma belíssima relação.
Bita (Rosi Campos) - Irmã e fiel escudeira de Dercy Gonçalves.
Manuel (Walter Breda) - Pai de Dercy Gonçalves. Foi abandonado pela esposa por infidelidade e nunca apoiou as escolhas da filha.
Pascoal (Fernando Eiras) - Primeiro namorado de Dercy. Juntos criaram a dupla "Os Pascoalinos".
Valdemar (Cássio Gabus Mendes) - Namorado de Dercy e pai de Decimar. Conheceu Dercy em um momento muito delicado e foi um grande amigo da atriz. Apesar de ser casado com outra mulher, enquanto esteve vivo não permitiu que Dercy e a filha ficassem desamparadas financeiramente.
Augusto Duarte (Tuca Andrada) - Jornalista que conhecia como ninguém os bastidores e negócios do Teatro de Revista. Casou-se com Dercy, mas foi infiel no amor e nas finanças.
Vito Tadei (Ricardo Tozzi) - Acrobata, professor de natação e mulherengo. Foi namorado de Dercy e despertou nela o interesse pela vida íntima.
Homero Kossak (Armando Babaioff) - Homem culto, bonito e mais do que um amigo para Dercy, que mantinha uma paixão platônica pelo rapaz.
Chico Anysio (Nizo Netto) - Ator e amigo de Dercy Gonçalves. Foi ele quem apresentou Carlos Manga para a atriz.
Carlos Manga (Danton Mello) - Produtor da TV Excelsior e responsável pela primeira aparição de Dercy na televisão.
Walter Pinto (Eduardo Galvão) - O mais importante produtor do Teatro de Revista da Praça Tiradentes, responsável por trazer atrações internacionais para o Rio de Janeiro. Dercy Gonçalves estrelou a maioria de suas peças.
Boni (Bruno Boni de Oliveira) - Produtor da TV Rio e mais tarde da TV Globo, emissora na qual Dercy comandou os programas 'Dercy Beacoup' e 'Dercy de verdade'.
Clô Prado (Drica Moraes) - Socialite e amiga de Dercy. Ela escreveu a peça "Miloca recebe aos sábados" para a comediante.
Isabel de Oliveira (Paula Burlamaqui) - Atriz e responsável pela primeira e desastrosa aparição de Dercy no teatro Boavista, em São Paulo.
Olympia (Mayana Neiva) - Atriz do Teatro de Revista. Olympia teve um caso com Augusto Duarte, marido de Dercy.
Dr. Simão (Daniel Boaventura) - Psiquiatra por quem Dercy se apaixonou e, por inúmeras vezes tentou seduzir. Mas sem sucesso.
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