terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Globo exibe o telefilme 'Homens de Bem'

Foto: TV Globo/Fabio Rebelo
O limite da ética para Ciba (Rodrigo Santoro) é o limite do que ele acha certo.  E, para esse homem, tudo tem um preço, que pode ser negociado sob a garantia do sigilo total. Ciba, ou lcibíades, é um espião que presta serviços particulares, quase sempre para a Polícia Federal. Sua ligação com a justiça, dentro ou fora da lei, não pode vir à tona. Como é de completa confiança - prefere ir preso a entregar alguém -, ele conhece boa parte das cadeias do país. O responsável por envolver Ciba nas investigações policiais, obviamente de maneira extraoficial, é o delegado Ulisses (Luis Miranda). Bem-intencionado na batalha contra o crime, ele também desliza nos princípios que o sistema impõe.


Ciba, esse herói falível, sabe escolher as lutas que enfrenta. A esperteza e a sagacidade, tão presentes em suas investigações, cedem lugar ao afeto quando o assunto é Mariana (Juliana Moretti), sua filha com a sedutora Mary (Débora Falabella). Um recorte na vida de personagens que passeiam entre o bem e o mal, o certo e o errado, é o tema do telefilme 'Homens de Bem', com direção de núcleo de Guel Arraes e direção geral e autoria de Jorge Furtado. A coprodução com a Casa de Cinema de Porto Alegre conduz esse thriller de uma eletrizante investigação com o bom humor característico da dupla. O especial de fim de ano será exibido no dia 29 de dezembro, após 'Fina Estampa'.

O alvo da investigação é Cesar (Guilherme Weber), um advogado e empresário, ou, na definição de Ulisses (Luis Miranda), "um bandido perigoso". A verdade é que, para atingir seus objetivos, Cesar pode se tornar um grande corruptor a qualquer momento. E é para flagrar este instante que Corvo (Tonico Pereira), velho agente da Polícia Federal, dá uma chance a Ulisses, seu subalterno, e permite a contratação de alguém de confiança. Ciba (Rodrigo Santoro) está preso há sete meses. Da última vez que tentaram suborná-lo, ele se entregou e, mais uma vez, preferiu passar por mau moço a prejudicar seu contratante. A visita do velho amigo o leva à liberdade, porém Ciba será monitorado por uma tornozeleira eletrônica.

A missão de Ciba (Rodrigo Santoro) será entregar uma mala de dinheiro ao deputado federal Ricardo (Fulvio Stefanini) armando um flagrante de corrupção. Ricardo é relator de uma importante comissão do Congresso Nacional e sua opinião pode prejudicar ou favorecer grandes interesses econômicos. Sabendo de sua forte influência, César (Guilherme Weber), empresário de muitos negócios, vai tentar corromper o deputado, oferecendo-lhe uma grande quantia de dinheiro, mas a polícia fica sabendo das suas intenções. É a hora ideal para o flagrante que finalmente levará César à cadeia.  Os planos, porém, nem sempre saem como o esperado, e as situações mais surpreendentes podem acontecer.

Corromper para prender um corruptor vale? Para a equipe formada por Ciba (Rodrigo Santoro) e Ulisses (Luis Miranda), vale. Porém, ao largo da investigação, outra policial está na cola do deputado Ricardo (Fulvio Stefanini) e acaba interferindo diretamente nos planos de Ulisses. "É uma história totalmente ficcional, mas possível; poderia muito bem ter acontecido. O enfoque é o dia a dia do submundo da política brasileira, das histórias que a gente vê por aí", explica o diretor-geral e roteirista, Jorge Furtado.

O lado B de Ciba

Ciba (Rodrigo Santoro) é um homem arrogante, mas, com Mariana (Juliana Moretti), o pai escorrega na pieguice. Ele parece não ver o tempo passar perto de sua filha, uma menina doce e sensível, que tem o sonho de ganhar uma guitarra. Fruto da união do agente secreto com Mary (Débora Falabella), Mariana conforta e ameniza a relação dos pais. Mary é uma mulher de caráter duvidoso, que vive da pensão alimentícia da filha e do que ganha vendendo calcinha e sutiã em repartições públicas. Ciba a conheceu em sua festa de formatura em Direito e ficou completamente atraído por sua beleza e perspicácia. Mary era casada com um homem rico, e sua meta era ter um filho, mas não conseguiu resistir ao charme do formando. O encontro foi explosivo e até hoje o casal se embaraça entre a turbulência das brigas e a erupção da paixão. Cenas tórridas de sensualidade são protagonizadas pelos dois. Nas horas vagas, ela faz questão de levantar a dúvida de que Mariana pode não ser filha de Ciba, mas ele não está nem aí, afinal "pai é quem cria", diz ele. Quem se aproveita dessa dúvida é o irmão de Mary, Betinho (Julio Andrade), que ameaça contar para a menina a dúvida do casal, se Ciba não pagar por seu silêncio.

As gravações em Porto Alegre

Em junho deste ano, Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, recebeu o elenco de 'Homens de Bem', que se juntou à equipe da Casa de Cinema para rodar o especial de fim de ano da Rede Globo. Foram 15 dias de muito trabalho, em clima de descontração. "O ritmo das gravações foi acelerado, mas o clima era ótimo. Trabalhar com o Jorge e a equipe é um presente para qualquer ator!", elogia Rodrigo Santoro.

As locações foram muito bem planejadas, buscando lugares que pudessem remeter a uma cidade cosmopolita. Locais como Palácio da Justiça, Theatro São Pedro, Hotel Plaza São Rafael, Tribunal Regional Federal e Secretaria de Educação constroem o pano de fundo da história passada em uma grande metrópole, que poderia ser em qualquer lugar do mundo. "Estou muito feliz em gravar apenas em locações. A locação tem vida própria e única", ressalta Jorge Furtado.

Entrevista com o diretor-geral Jorge Furtado

Jorge Furtado é um cineasta premiado nacional e internacionalmente. Diretor e roteirista, tem no currículo grandes sucessos na televisão e no cinema. Nas telonas, assinou 'Saneamento Básico, o filme' (2007), 'Meu Tio Matou um Cara' (2005) e 'O Homem que Copiava' (2003). Já na TV, dirigiu 'História do Amor' (2011), quadro exibido dentro do Fantástico, 'Decamerão - A Comédia do Sexo' (2009) e 'Cena Aberta' (2003). Jorge é também um dos fundadores da produtora Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual é sócio até hoje.

Como você definiria a trama de 'Homens de Bem'?

'Homens de Bem' tem duas linhas: uma linha investigativa, política, policial, e outra pessoal, sobre a vida do protagonista, o Ciba. O personagem, interpretado pelo Rodrigo Santoro, é um herói imperfeito. É um herói porque faz coisas extraordinárias, mas peca por ter falhas e não exatamente cumpre a lei. Ele é um cara envolvido com investigações, é um araponga, faz gravações, tira fotos, é empregado por vários patrões. Já na trama familiar, Ciba tem uma relação privada tumultuada com a sua ex-mulher, Mary, interpretada pela Débora Fallabela e mãe da sua filha, Mariana (Juliana Moretti).

O formato do especial será diferente; você até chegou a chamar de "longuinha". Como chegaram a esse formato?

É uma novidade bem bacana e importante. Eu já trabalhei com o Guel Arraes em várias produções e experimentamos diversos formatos: minisséries de quatro episódios, de 16, de 30, séries semanais com 30 minutos etc. Mas este formato de 'Homens de Bem', com pouco mais de 70 minutos, em um episódio, podemos chamar de um longa. Ele abre um caminho interessante para a produção de dramaturgia, é o ideal para a adaptação de certos romances.

Como foi a escalação do elenco?

Acho que a principal função do diretor nesses casos é escolher bem os atores, chamar o melhor ator possível para o papel e deixá-lo fazer seu trabalho. Eu me preocupo com o roteiro, com a narrativa e chamo os melhores nomes possíveis. Eu conto sempre com o Guel Arraes, que é meu amigo e trabalha comigo há muito tempo, nesta escolha do elenco. Foi um grande prazer trabalhar com esta turma de atores incríveis.

Você empresta para seus personagens histórias e experiências particulares?

Um pouco. Escrever é sempre uma mistura de memória, observação e invenção. Em primeiro lugar, vem a memória pessoal e emocional.  Todo mundo já teve entre o seu desejo e seu objetivo um obstáculo.  Presto atenção nisso e penso que posso transpor essas experiências para uma batalha, um romance, uma aventura policial. Em segundo, vem a observação: conhecer as narrativas, as histórias, os livros, os filmes. Por último, vem a invenção, em que você mistura tudo isso e transforma em algo ficcional.        

Você e Guel Arraes já formam uma dupla de sucesso na televisão. Como é a parceria de vocês?

Nossa parceria já dura 22 anos. O Guel me convidou para trabalhar com ele em 1989 no 'Programa Legal' com a Regina Casé e, depois, em 'Dóris para Maiores'. Desde então não nos separamos mais. No início, o Guel dirigia mais e eu escrevia, porém, aos poucos, um foi aprendendo com o outro, eu comecei a dirigir e ele começou a escrever comigo.

Você tem uma carreira consolidada como roteirista, diretor e autor. Como é para você passear entre cinema e TV?

Eu faço televisão e cinema da mesma maneira. A construção do roteiro é igual, a direção dos atores também. Acho que o segredo é o trabalho de equipe. Essa equipe - Nora Goulart na produção, Ana Luiza Azevedo dirigindo junto comigo, Giba Assis Brasil montando, Fiapo Barth na arte, Rosângela Cortinhas nos figurinos, Alex Sernambi na fotografia - trabalha junta há 30 anos, fazemos TV e cinema com a mesma dedicação. Acredito que talvez a única diferença entre TV e cinema esteja em como se vê, e não em como se faz. Tudo o que eu e o Guel fazemos parte do princípio de que temos um espectador atento, que presta atenção em tudo, nos detalhes.

O que há de cinematográfico em 'Homens de Bem'?

Usamos uma câmera e lentes de cinema, trabalhamos sempre com uma câmera só (à exceção das grandes cenas de ação), planejamos cada plano de cada sequência, trabalhamos com contrastes fortes de luz, tudo o que se faz no cinema. E só filmamos em locações, o que dá maior veracidade aos cenários. Outra característica "cinematográfica" de 'Homens de Bem' é que há várias cenas onde a história se conta só pela imagem, cenas sem falas.

Em 'Homens de Bem', vocês fazem um telefilme policial, que, apesar de ter uma pitada de comédia, é bem diferente dos seus últimos trabalhos para TV. Como é trabalhar com outros gêneros em TV?

'Homens de Bem' é uma mistura de diversos gêneros: é policial, tem política, romance, e até mesmo um pouco de humor. Eu gosto de trabalhar com uma trama mais complexa, que te prenda, que faça você não se desgrudar. Na verdade, nos meus trabalhos, me interessa muito misturar gêneros. Podemos fazer uma comédia, mas também podemos acrescentar reflexões sobre a vida, ou algo sobre política e, de repente, contar uma história de amor.

Perfil dos Personagens

Ciba, o ex-policial (Rodrigo Santoro): formado em Direito, nunca conseguiu passar no exame da OAB. Trabalhou na segurança de políticos, empresários, fazendo serviços no limite da lei e, às vezes, além do limite da lei. Pai de Mariana (Juliana Moretti) e ex-marido de Mary (Débora Falabella).

Mary, a ex-mulher (Débora Falabella): vive da pensão da filha, Mariana (Juliana Moretti), até que ela complete 18 anos. Faz bicos vendendo lingerie em repartições públicas, conhece todo mundo do sexto escalão, tem ótimos contatos.

Mariana, a filha (Juliana Moretti): filha de Ciba (Rodrigo Santoro) e Mary (Débora Falabella). Uma pré-adolescente, tímida e inteligente, que está aprendendo a tocar violão.

Ulisses, o jovem policial (Luiz Miranda): o herói impetuoso. Especialista em investigações sobre crimes financeiros.

Cristina, a delegada (Virginia Cavendish): honesta, carreirista, segue o manual para ascender na carreira. Cumpre a lei.

Deputado Ricardo (Fulvio Stefanni): deputado federal, relator de uma importante comissão do Congresso. Sua opinião pode prejudicar ou favorecer grandes interesses econômicos.

Corvo, o velho policial (Tonico Pereira): chefe de Ulisses (Luis Miranda) e Cristina (Virginia Cavendish). Em sua ética particular, crimes devem ter punição proporcional ao prejuízo financeiro ao país. Para ele, ladrões de bilhões são mais bandidos que os ladrões de milhares.

Cesar (Guilherme Weber): um grande empresário, com muitos interesses, inclusive a política.

Betinho (Julio Andrade): irmão de Mary (Débora Falabella), vive de achaques ao ex-cunhado. Ciba (Rodrigo Santoro) quer seu sangue.

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