Norma Bengell abre o coração no Provocações

Atriz conhecida na Europa nos anos 60, cantora, cineasta e ex-vedete, ela nasceu no Rio de Janeiro na década de 1930. É dela o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, no filme Os Cafajestes, de Ruy Guerra. Dirigiu, em 1996, O Guarani e até 2009 vivia a homossexual Deise Coturno na série da TV Globo Toma Lá, Dá Cá. Ela é Norma Bengell, a convidada de Antônio Abujamra no Provocações desta sexta-feira (23/4), às 22h, na TV Cultura.
“A repercussão do nu frontal no filme do Rui [Guerra] em 1961? Um escândalo absoluto naquela época”. Norma foi alvo de críticas violentas dos setores mais conservadores da sociedade brasileira. “Eu fui banida a pauladas de Belo Horizonte”.
Norma Bengell foi uma das mulheres mais desejadas do Brasil e confirma isso para Abu: “Sim, eu era. Levava muitas cantadas, era perseguida na rua. Uma vez, aqui em São Paulo, eu fui perseguida por um bando de homens e tive que me esconder num hotel”.
Cinema Italiano
A atriz fez parte do elenco de O Pagador de Promessas (1962), ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes. Mas foi nessa época, início dos anos 1960, que decidiu fixar residência em Roma, na Itália. Lá ela estrelou diversos filmes e se casou com o ator italiano Gabriele Tinti, com quem viveu por 20 anos.
Você não deu certo no cinema italiano? Por quê? E Norma foi categórica em sua resposta: “Eu dei certo, mas fui eu quem não quis ficar. Não quis por que havia me separado do Gabrielle e a Itália ficou muito pequena para nós dois“.
Ainda segundo Norma, um dos nomes mais importantes do cinema e considerado como um dos homens mais bonitos do mundo, Alain Delon foi apaixonado por ela. “Ele era apaixonado por mim e ainda é, até hoje ele fala de mim. Mas ele era muito ambíguo, cada dia estava com uma pessoa diferente. Não era homem para mim”, explica. “Eu não era apaixonada por ele. Agora, ele era um amante implacável. Quando eu ia dormir em sua casa e dizia que ia embora, ele colocava para mim Rachmaninoff [compositor russo] e me acordava com Ne me quitte pas. Aí eu ia ficando ....”
Ditadura
Mais tarde, ao voltar para o Brasil, o país estava mergulhado no caos político. Nos anos 70, Norma foi perseguida pelo governo militar. Mas continuava seu trabalho, atuando sob a direção de importantes cineastas: Paulo Cesar Saraceni, Antônio Calmon, Rogério Sganzerla, entre outros.
“Fui presa várias vezes durante a ditadura militar. Uma vez fui sequestrada em São Paulo. Uns 15 homens me pegaram e colocaram num carro e eu dizia: ‘mas eu tenho uma peça para apresentar!’. A sorte é que me lembrei que tinha um tio que era comandante do CPOR. Me libertaram.”
Filhos
Norma diz no programa que não teve tempo de ter filhos, pois filmava muito, e conclui: “Filho é uma coisa muito importante, é assunto delicado, tem mesmo é que cuidar dessa criança com muito cuidado. Esse filho ia ficar com quem? Minha mãe? Mas aí não seria filho da mãe e, sim, da avó”.
Mas quando Abujamra lhe pergunta o que ainda existia nela da criança Norma Bengell, ela responde: “Eu sou sempre criança, eu pinto as canecas”.
Postar um comentário